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Entrevista Renascença

Representante da Autoridade Palestiniana recorda a Marcelo posição de Guterres

03 nov, 2023 - 16:59 • Pedro Mesquita

Nabil Abuzinaid lamenta que o Presidente da República se limite a sublinhar a posição israelita, porque "a violência deve ser condenada de ambos os lados" e recorda aquilo que disse o secretário-geral da ONU: O ataque do Hamas "não surgiu do nada".

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Entrevista a Nabil Abuznaid, representante da Autoridade Palestiniana em Portugal
Ouça as declarações de Nabil Abuznaid, representante da Autoridade Palestiniana

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O representante da Autoridade Palestiniana em Portugal insiste, em entrevista à Renascença, que é preciso condenar a violência dos dois lados e lamenta que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, não tenha feito - no diálogo que manteve consigo - qualquer referência à reação "brutal de Israel", na Faixa de Gaza, nestes 28 dias que se seguiram ao ataque do Hamas.

Nabil Abuzinaid lamenta, igualmente, não ter escutado, de Marcelo, um apelo à interrupção imediata desta guerra, para que seja possível salvar algumas vidas.

Sr. Nabil Abuzinaid, como analisa a posição do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa?

Eu esperava uma posição mais justa. Aquilo que o Presidente disse foi que os palestinianos iniciaram a guerra, no dia 7. Eu consigo entender essa posição, mas também disse ao Presidente: "Você sabe, há uma ocupação lá"... e depois utilizei aquilo que o Sr. Guterres disse, e o que ele disse foi que "isto não surgiu do nada".

Lembrei igualmente ao Presidente que a reação de Israel foi brutal, dado que ele falou apenas sobre o ataque no dia 7 e não mencionou os 28 dias de guerra, os 10 mil palestinianos que também foram mortos, e dois terços deles eram mulheres e crianças.

Mas eu recordo-lhe que a Autoridade Palestiniana também condenou o ataque do Hamas a Israel...

Sim, condenamos todos os ataques. Tenho que condenar a violência de ambos os lados.

Considera, portanto, que o Presidente português foi injusto?

Bem, não quero dizer que tenha sido injusto, mas aquilo que referiu foi apenas a versão israelita, aquela em que eles censuram o Hamas pelo ataque. Podemos entender isso, mas o Presidente não mencionou aquilo que aconteceu depois e que já significou a morte de dezenas de milhares de pessoas, 20 mil feridos, destruição, falta de comida, falta de medicamentos. Sabe, isto são crimes de guerra e ele não se referiu a nada disso.

E eu também disse ao Presidente que esta guerra tem que acabar, para que possamos salvar algumas vidas. Ele não referiu nada sobre isso. Não ouvi isso do Presidente. Gostaria que ele tivesse dito: "Sim, esta guerra tem que ser interrompida de imediato para que seja possível salvar algumas vidas". Ele ignorou isso, e a única frase que estava determinado a sublinhar é que foram os os palestinianos a começar a guerra, a dar inicio a um ataque terrorista, a 7 de outubro.

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