20 jan, 2020 - 15:30 • Joana Gonçalves com Rui Barros
Uma investigação jornalística coordenada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ), divulgada este domingo, revela o esquema montado por Isabel dos Santos para desviar mais de 100 milhões de euros da Sonangol para o Dubai.
De acordo com a mesma investigação, que em Portugal foi liderada pelo Expresso, a filha do ex-Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, utilizou recursos públicos em benefício próprio, numa operação que terá contado com o apoio de quatro portugueses, envolvidos neste caso.
Feitas as contas a mulher mais rica de África soma participações em 169 holdings, que integram 423 empresas de 41 países. Portugal é o país onde a “princesa” de Angola detém mais participações – 101, atualmente, 142, no total e desde 2005. Da energia, às telecomunicações, passando pela banca saiba quais são as empresas portuguesas que com ligações à empresária angolana.
Há quatro multinacionais que se destacam desta vasta lista - Galp, Efacec, NOS e Eurobic.
Na Galp, Isabel dos Santos tem uma participação indireta através da offshore Esperanza Holding B.V., sediada em Amesterdão, que detém 45% da Amorim Energia que, por sua vez, é proprietária de 33,3% da Galp. A petrolífera soma, também, a participação de 7,5% do Estado Português, um dos acionistas.
Em 2015, através da Winterfell Industries e por 200 milhões de euros, a empresária adquiriu a maioria do capital da Efacec, líder mundial no mercado de infraestruturas de carregamento rápido para veículos elétricos. Mário da Silva, um dos portugueses visados na mega investigação do ICIJ, passou então a presidir ao Conselho de Administração.
Nas telecomunicações, a ex-presidente da Sonangol detém uma participação na NOS. A entrada no setor ocorreu em dezembro de 2009 quando, através da Kento Holding Limited, adquiriu 10% da Zon Multimédia.
Três anos mais tarde, a Unitel International Holdings B.V. comprou 19,24% da operadora e a Sonaecom e Isabel do Santos tornaram pública a operação de fusão, que viria a dar origem à NOS, operadora controlada pela ZOPT, de que são acionistas a empresária angolana (50%) e o grupo português liderado Cláudia Azevedo (50%).
Na banca, Isabel dos Santos é a maior acionista do EuroBic, banco detido em 25% pela Santoro Financial Holding SGPS e em 17,5% pela FiniSantoro Holding Limited 17,5%, ambas com participação da empresária.
As informações recolhidas pelo ICIJ revelam que, em menos de 24 horas, a conta da Sonangol no Eurobic Lisboa foi esvaziada e ficou com saldo negativo no dia seguinte à demissão da empresária.