12 dez, 2018 - 16:11
Theresa May enfrenta esta quarta-feira, a partir das 18h, uma moção de censura movida pelo seu próprio partido que poderá levar à sua substituição enquanto líder dos Conservadores e enfraquecê-la enquanto primeira-ministra.
A moção surge no contexto das negociações do Brexit. A primeira-ministra negociou um acordo com Bruxelas mas depois de vários dias de debate recusou submetê-lo a votação no Parlamento, sabendo que não conseguiria a aprovação. A hesitação deixou descontentes os defensores da saída da União Europeia, que procuram agora retirá-la da liderança do partido.
Sendo um processo interno do Partido Conservador, as regras são definidas pelo próprio partido. A votação decorre a partir das 18h e há 317 deputados que podem votar, o que significa que, na teoria, May precisa de assegurar o apoio de 159 dos seus deputados para permanecer no poder. Se, contudo, houver abstenções, esse número desce.
Segundo a imprensa britânica, esse número deve estar ao alcance da primeira-ministra. Caso isso aconteça não poderá haver uma nova moção no mesmo sentido durante pelo menos um ano.
Se, porém, os opositores vencerem a votação, May terá de se demitir da liderança do Partido Conservador e não poderá candidatar-se novamente de imediato, embora devesse permanecer como primeira-ministra até à escolha do seu sucessor.
Neste cenário, a primeira ronda de votos para escolher o sucessor de May teria lugar na próxima terça-feira e a expetativa é que até ao dia 20 de dezembro haja apenas dois candidatos na corrida. Aí, supostamente, devem ser os militantes do partido a escolher, mas a prática de anos recentes tem sido de o candidato com menos apoios desses dois desistir, cedendo a vitória ao que tem mais votos.
Graham Brady, que dirige o "Comité 1922" anunciou que este órgão de fiscalização do partido recebeu cartas dos deputados a pedir a demissão de May em número suficiente para avançar com a moção de desconfiança. Eram precisos 48 pedidos (o que equivale a 15% dos 315 deputados conservadores) o que terá sido alcançado nos últimos dias.
Os deputados dizem que perderam a confiança no trabalho de Theresa May depois de ter adiado a votação do Brexit no parlamento, que foi reagendada para dia 21 de janeiro.
A votação estava inicialmente marcada para segunda-feira, mas a chefe do Executivo decidiu adiá-la sem marcar nova data por temer que o acordo fosse chumbado.
May já garantiu que não tem a menor intenção de se demitir, e que lutará com todas as suas forças para vencer esta votação.