01 fev, 2024 - 18:04 • Teresa Paula Costa
O economista João Duque considera que o Ministério da Agricultura tem “um péssimo comportamento” e prejudica os portugueses ao não dar, atempadamente, aos agricultores os apoios necessários.
“O Ministério da Agricultura é um mistério que, não sei por que razão, mas muito provavelmente pela sua liderança, tem tido um péssimo comportamento e, portanto, até prejudica ainda mais os portugueses face à generalidade dos agricultores europeus do que devia ser”, afirmou João Duque, no espaço de comentário do programa As Três da Manhã da Renascença.
O economista comentava os protestos dos agricultores, que começaram em França e já se estenderam a Portugal, lembrando que “a PAC [Política Agrícola Comum] é uma das políticas mais importantes da União Europeia” e “foi uma das razões, também, para a constituição e formação dos primórdios da União (Europeia), tal como nós a conhecemos hoje.”
Reportagem na A25
Agricultores da Beira Baixa aparcaram mais de 200 (...)
Considerando que “a França é um dos países fundadores e muito assente nessa política”, o economista apontou que “os valores que têm sido distribuídos aos agricultores franceses têm diminuído”, por isso “os agricultores não só sentem uma pressão crescente dos preços e dos custos de produção, como uma pressão enorme em termos de regulação, porque (e nós sentimos isto) cada vez há mais normas e regras que os agricultores têm de cumprir para poderem estar no mercado e poderem beneficiar de alguma coisa”.
Confrontado com o facto de o Ministério da Agricultura de Portugal ter anunciado um pacote de apoios aos agricultores no valor de 439 milhões de euros, já depois de iniciados os protestos em França, João Duque referiu que “agora percebemos porque é que deviam ter dado dinheiro aos agricultores e não deram no tempo certo”.
"Nós somos muito solidários com os agricultores po(...)
“Agora temos uns foguetes para atirar ao ar, mas os agricultores é que vão apanhar as canas e não gostam dos foguetes, e isto é o resultado” dos cortes dos apoios, e dos atrasos na execução, criticou o economista.
Para João Duque, há “imensos impostos e custos que não são apropriados aquilo que devia ser o apoio que se deseja”. Por outro lado, lamenta o economista, “prometer é fácil, agora executar é muitíssimo mais difícil” e os atrasos “têm sido constantes no Ministério da Agricultura”.
Quanto ao excedente superior a 4 mil milhões de euros na execução orçamental de 2023, resulta de uma melhoria económica, “porque muitos impostos, particularmente impostos diretos e indiretos, estão relacionados com a atividade económica”, afirma.
Se “há mais pessoas em Portugal a trabalhar, naturalmente, pagam mais imposto”, mas também “resulta muito de uma contenção maior na despesa do que aquilo que era previsto”, salienta.