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Pandemia de Covid-19

Marcelo elogia o “candidato a primeiro-ministro”. Rio “é um exemplo”

22 mai, 2020 - 13:47 • Marta Grosso

Numa visita conjunta a Ovar, Marcelo deixou palavras ao “herói" presidente da Câmara e ao líder do PSD, que admitiu: “há momentos na história em que é importante relegarmos para último plano os interesses partidários”. Quanto a presidenciais, “os portugueses têm agora outras prioridades”, diz o Presidente.

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Marcelo Rebelo de Sousa teceu, nesta sexta-feira, larguíssimos elogios ao presidente do PSD, “líder da oposição e candidato a primeiro-ministro”. Numa deslocação conjunta a Ovar, o município que esteve isolado no início da pandemia de Covid-19, o Presidente da República destacou o “sentido de Estado” de Rui Rio.

“A sua atuação durante este período crítico, que ainda não terminou, foi exemplar. Tão exemplar que isso foi reconhecido cá dentro e lá fora. Não foi num país, foi em inúmeros países, europeus e não europeus”, afirmou.

“Veio o reconhecimento de um facto singular: de como [Rui Rio] colocou o interesse nacional acima do interesse partidário num período crítico – que foi o período que antecedeu o estado de emergência e que prosseguiu com o estado de emergência”, acrescentou.

Marcelo Rebelo de Sousa destacou depois que “não há nada mais difícil do que ser líder da oposição – é mais difícil que ser primeiro-ministro” – e que ele próprio “não conseguiria ter feito aquilo que [Rio] fez”, nomeadamente dizer “abertamente” que estava ao lado dos responsáveis políticos.

“Isto é muito importante, porque quem é oposição não deixa de ser oposição e ser alternativa de Governo, mas, num período crítico, em que os portugueses estavam unidos, precisavam de ver os seus responsáveis unidos, olhar para o líder da oposição e dizerem que ele tinha um sentido de Estado que o levava a estar ali, onde tinha de estar, ao lado dos portugueses e de outros responsáveis políticos. Isso deu uma força ao país que não se imagina”, sustentou o chefe de Estado.

Frisando que é o “Presidente de todos os portugueses”, Marcelo reconheceu que há aspetos em que é conservador e não muda: “na família, na religião, no partido, não mudo sequer no futebol”.

“Descobrir máscaras onde não existiam”

O Presidente da República deslocou-se, nesta sexta-feira, ao concelho de Ovar, que viveu a primeira e mais longa cerca sanitária imposta pela pandemia de Covid-19 em Portugal.

“Foi uma saga e nós acompanhámos”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, que deixou uma palavra de apreço às Forças Armadas, ao presidente da Câmara, Salvador Malheiro, e a todos os vereadores.

“O presidente da Câmara de Ovar foi um herói. Os nossos autarcas foram heróis. Mas ele foi, por circunstâncias adversas, dos primeiros e mais testados heróis diante os autarcas portugueses, no continente e na Madeira e nos Açores”, afirmou.

“Nunca desistiu, nunca se resignou, não teve um momento de desânimo. Houve várias fases e em todas as fases esteve presente. E com ele todos os autarcas. Há que reconhecer e que salvaguardar isso quando se fala no apuramento do que se passou naqueles dias, naqueles momentos”, destacou ainda.

Marcelo lembrou depois que, tendo tudo acontecido no início da pandemia em Portugal, “tiveram de descobrir testes onde não existiam, tiveram de descobrir máscaras onde elas não existiam, tiveram de ir buscar proteção sanitária sei lá onde; tiveram de telefonar para o Presidente da República, para o primeiro-ministro, para o líder da oposição, para os ministros, os secretários de Estado, para todo o mundo, todos os dias”.

Um mês depois, ovarenses esperam o fim da cerca sanitária. "Somos tratados como leprosos"
Um mês depois, ovarenses esperam o fim da cerca sanitária. "Somos tratados como leprosos"

E “tiveram de tomar decisões para as empresas em cima da hora”, salientou, considerando que, se não se tivessem tomado estas medidas em Ovar, “teria havido mais mortes e mais pacientes e mais internados do que houve”.

Presidenciais? Marcelo responde com outras prioridades

“Seria um desperdício” falar sobre eleições presidenciais durante o almoço com Rui Rio, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas.

“Hoje vamos falar do que é urgente e prioritário e prioritário é o que ainda estamos a viver”, defendeu, avançando com o “número muito pequeno de preocupações” dos portugueses: “vida, saúde, emprego e salário/rendimentos”.

Na opinião do Presidente as pessoas querem saber se ainda há risco, se haverá um novo surto, se haverá emprego ou não, salários, sim ou não.

“O resto tem o seu momento. Há prioridades”, reforçou.

“Nem eu sou do Governo nem o Dr. António Costa é do PSD”

Rui Rio falou aos jornalistas depois do Presidente da República e corroborou, no seu discurso, com tudo o que disse Marcelo. Incluindo sobre si, líder da oposição.

“Há momentos na história em que é importante relegarmos para último plano os interesses partidários e colocarmos o interesse do país à frente de tudo o mais e foi isso que aconteceu desde março até à data”, afirmou.

“Vejo todos os dias pessoas do PSD terem opiniões diferentes da direção, mas é normal. Sempre foi assim”, afirmou também.

A deslocação a Ovar serviu para tecer elogios. “Quero associar-me na homenagem que o Presidente da República presta aqui às Forças Armadas, no papel que tiveram aqui em Ovar; ao presidente da Câmara de Ovar, do PSD, e à sua equipa”, afirmou, sublinhando a importância do poder local e da proximidade com as populações.

De manhã, a visita foi do Presidente da República e do líder do PSD; à tarde será a vez do Governo deslocar-se ao município que esteve isolado.

“Estou aqui para almoçar e prestar a minha homenagem ao concelho de Ovar e à prestação do seu presidente. À tarde é o Governo que vem ao concelho mais massacrado e acho bem. Mas não nos vamos misturar. Nem eu sou membro do Governo nem o Dr. António Costa é do PSD”, frisou Rui Rio.

No que toca ao apoio do partido a uma eventual recandidatura de Marcelo a Belém, o presidente social-democrata diz não ser ainda tempo.

“Uma das coisas que a vida nos ensina é a gestão do tempo e isso é algo em que tenho muito cuidado”, reagiu.

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