Um grupo de 21 eurodeputados endereçou um apelo ao primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, para solicitar a libertação do padre Stan Swamy, de 83 anos, que está preso há 100 dias, desde 8 de outubro, alegadamente por envolvimento com grupos terroristas.

Na carta, assinada por 21 eurodeputados de vários países, recordam que o padre Swamy sofre de Parkinson, usa aparelhos para a audição em ambos os ouvidos, foi operado recentemente a uma apendicite, partiu a mão há um ano e precisa de atenção médica e de uma dieta especial por causa da sua idade avançada.

“Estamos muito preocupados com a sua saúde e com o seu bem-estar numa altura de pandemia de Covid-19 e pedimos que o libertem imediatamente, por razões humanitárias”.

Entre os signatários não há nenhum português.

Os 21 eurodeputados juntam-se a outras figuras internacionais como a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet e os três maiores grupos parlamentares europeus, de que fazem parte o PSD, CDS e PS, para exigir a libertação do sacerdote.

Swamy foi acusado pela agência antiterrorista da Índia de ligações a insurgentes maoístas, uma técnica usada habitualmente para silenciar intelectuais e figuras públicas que defendem os direitos das minorias na Índia.

“O jesuíta indiano considera que esta perseguição e condenação se deve à sua dissidência no que respeita a várias políticas do governo e à sua luta em favor dos direitos dos Adivasi, uma minoria indígena da Índia que luta pelo direito à terra (que tem sido minimizado devido à degradação ecológica e à industrialização do país)”, lê-se num comunicado enviado à Renascença pelos jesuítas portugueses.

O padre de 83 anos trabalha há muitos anos na defesa dos direitos dos Adivasis e, nesse contexto tem documentado casos de abuso de poder das autoridades contra esta minoria, chegando mesmo a apresentar um processo em tribunal contra o Estado indiano, em nome de 3.000 indígenas que se encontram detidos.