O Papa visitou este domingo o lar O Bom Samaritano, no Panamá, onde se encontrou com jovens em situação de risco, ou de pobreza, que são acolhidos por esta instituição.

A visita aconteceu logo depois da missa final da Jornada Mundial da Juventude, em que foi anunciado que será Lisboa a acolher a próxima edição, em 2022.

Partindo precisamente da parábola do Bom Samaritano, o Papa disse aos jovens que este, tal como a instituição que tem o seu nome, “mostra-nos que o próximo é, antes de tudo, uma pessoa, alguém com um rosto concreto e real, e não qualquer coisa a deixar para trás ou ignorar, seja qual for a sua situação. É um rosto que revela a nossa humanidade tantas vezes atribulada e ignorada. É um rosto que incomoda maravilhosamente a vida, porque nos lembra e coloca na estrada daquilo que é verdadeiramente importante, livrando-nos de banalizar e tornar supérfluo o nosso seguimento do Senhor.”

“Estar aqui é tocar o rosto silencioso e materno da Igreja, que é capaz de profetizar e criar casa, criar comunidade; o rosto da Igreja, que normalmente não se vê e passa despercebido, mas é sinal da misericórdia e ternura concreta de Deus, sinal vivo da boa nova da ressurreição que hoje atua na nossa vida”, disse Francisco.

Aos jovens utentes da instituição, Francisco falou também da importância de todos contribuírem para a manutenção da casa. “Criar ‘casa’ é criar família; é aprender a sentir-se unido aos outros, sem olhar a vínculos utilitaristas ou funcionais, de modo que nos faz sentir a vida um pouco mais humana. Criar casa é permitir que a profecia encarne e torne as nossas horas e dias menos rudes, indiferentes e anónimos. É criar laços que se constroem com gestos simples, diários e que todos podemos realizar. Como todos sabemos muito bem, uma casa precisa da colaboração de todos. Ninguém pode ficar indiferente ou alheio, porque cada qual é uma pedra necessária na sua construção.”

Para que isto funcione, considera o Papa, é necessário aprender-se a perdoar. “Isto implica pedir ao Senhor que nos conceda a graça de aprender a ter paciência, aprender a perdoar-nos; aprender cada dia a recomeçar. E quantas vezes temos de perdoar e recomeçar? Setenta vezes sete, todas as vezes que for necessário. Criar relações fortes requer a confiança, que se alimenta diariamente de paciência e perdão.”

Como costuma fazer aos domingos, o Papa rezou o Angelus com os presentes no lar e, no final, referiu a recente tragédia na cidade de Brumadinho, no Brasil, onde várias pessoas morreram, e centenas continuam desaparecidas, devido ao rebentamento de uma barragem.

Francisco recordou as vítimas de um atentado terrorista numa catedral das Filipinas, em plena missa, e referiu também o facto de dia 27 de janeiro ser o Dia Internacional de Comemoração da Memória das Vítimas do Holocausto. “Temos de manter viva a memória do passado e aprender com as páginas negras da história, para não voltar a cometer os mesmos erros”, disse Francisco.

“Continuemos a esforçar-nos, sem descanso, por cultivar a justiça, aumentar a concórdia e promover a integração, para sermos instrumentos de paz e construtores de um mundo melhor”, concluiu.