Eduardo Cabrita está fora da corrida ao cargo de diretor-executivo da Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira (FRONTEX), apurou a Renascença. Segundo fonte próxima do processo, restam agora três candidatos ao lugar onde não consta o nome do ex-ministro da Administração Interna.

O processo de seleção surgiu em abril e, em julho, Cabrita apresentou a candidatura individual ao cargo máximo da FRONTEX, fazendo parte nos últimos meses de uma lista de seis nomes. Em outubro, a lista reduziu-se a três nomes e não se confirmaram as "fortes hipóteses" com que o ex-ministro surgia na corrida.

Fonte próxima do processo refere que o "fraco empenho da diplomacia portuguesa" terá pesado em todo o processo de seleção e promoção da candidatura, sendo que a "prevalência da dimensão securitária" na Europa também não terá ajudado Eduardo Cabrita.

De resto, numa entrevista à última edição do jornal Expresso, o atual ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, já tinha deixado implícito que considerava "difícil" que o nome de Cabrita chegasse à fase final de seleção, "por força da conjugação e competição de vários países e por força também da abordagem que hoje prevalece na Europa".

Bruxelas quer perfil mais operacional

É dito à Renascença que a escolha da Comissão Europeia deverá recair num candidato com perfil de "chefe de estrutura de segurança" e com características "mais operacionais". O perfil mais político de Cabrita terá sido outra das várias razões para ter ficado afastado da fase final do processo.

Na curta lista de seis candidatos que existia há um mês - quando a Renascença avançou que Cabrita estava na corrida - constavam nomes provenientes da Letónia, Bulgária, Finlândia, Croácia e Países Baixos.

Dos três candidatos que chegaram à final está "muito bem posicionado" um general holandês, com perfil operacional e de trabalho no terreno e que terá tido o contributo de uma "muito ativa" diplomacia dos Países Baixos, segundo dizem à Renascença fontes conhecedoras de todo o processo de seleção.

Para além do Governo português, que sabia da candidatura desde julho, Eduardo Cabrita tinha o apoio de Espanha, e é dito à Renascença que terá sido "incentivado por ministros de outros países" a avançar.

As críticas que foram surgindo à candidatura de Cabrita, nomeadamente, nos meios políticos em Bruxelas e por parte de Organizações Não Governamentais como a Humans Before Borders, também poderão ter contribuído para o fracasso do ex-ministro da Administração Interna.

Eduardo Cabrita, que abandonou o Governo de António Costa em dezembro de 2021, após a polémica em torno do acidente de viação que em junho de 2021 vitimou mortalmente um trabalhador de uma obra em curso na A6, viu assim gorada a possibilidade de substituir o francês Fabrice Leggeri, que se demitiu da direção executiva em março.