Ana Jorge recebeu com “surpresa” a notícia de que tinha sido exonerada do cargo de provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, criticando que a saída foi feita de forma "rude, sobranceira e caluniosa".

Em comentário n'As Três da Manhã na Renascença, o economista João Duque diz que Ana Jorge sai de uma forma “extemporânea”.

“Não parece nada bom para a instituição que uma pessoa seja afastada antes de fazer um ano de mandato. Os mandatos são mais alargados e as pessoas devem ter algum tempo para se adaptarem e ajustarem as políticas e implementá-las. Num ano é impossível fazer isso”, afirma, referindo que só “algo muito grave” pode justificar a sua saída.

Para contornar o problema das nomeações - que envolve “muita questão política” -, João Duque lembra a criação da CReSAP (Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública) em 2011, pelo governo de Pedro Passos Coelho, um órgão independente que ajuda a avaliar a competência e mérito para um determinado cargo.

“Mas em 2018, a secretária de Estado da Administração Pública não escolheu nenhum dos nomes propostos para um lugar concreto e escolheu alguém fora da lista por, invocou na altura, questões de alteração de perfil”, lembra, referindo que o episódio acabou por “desvalorizar completamente a CReSAP”.

Outro truque “que nos últimos Governos se fez abundantemente”, lembra, foram as nomeações provisórias para um cargo para o qual não tinham experiência, e que falharia a lista da CReSAP por inexperiência -, mas que “a partir daí fica com a experiência que lhe faltava”.

“Temos um sistema que tem sido constantemente aviltado - e que era supostamente bom para se escolherem as pessoas adequadas. Os Governos de António Costa enxameiaram estes lugares de pessoas da sua confiança política”, lamenta.