O secretário-geral do PS, António Costa, deu um sinal claro em defesa da aprovação da legalização da eutanásia, no discurso de abertura do 22.º Congresso do partido, que começou esta sexta-feira, na Batalha.

"Há sempre novos desafios que se colocam à liberdade, novas oportunidades de alargamento do espaço da liberdade, respeitando a consciência de cada um, não impondo a ningém qualquer comportamento, mas assegurando a todos que queiram ter uma morte digna poderem recorrer à eutanásia, como defenderemos, na próxima semana, na Assembleia da República", declarou Costa.

O líder socialista vinha numa sequência em que enumerava o papel que o PS, "desde os finais dos anos 90, tem no alargamento do espaço das liberdades individuais".

"Libertámos as mulheres da criminalização da interrupção voluntária da gravidez e defendemos a liberdade de cada um formar família que bem entender formar", exemplificou.

Defendendo que os valores fundadores do PS têm de atravessar "todos as gerações e todos os tempos", Costa enquadrou a defesa do partido de medidas habitualmente designadas como fraturantes numa lógica em que valores como o da liberdade "têm de ser reinterpretados por cada nova geração, porque em cada nova geração surgem novos desafios".

“O que dá esta identidade ao PS é um corpo de valores, uma atitude, uma forma de estar na vida política. É uma cultura. Porque esses valores são os mesmos que fundaram o PS: são os valores da liberdade, da democracia, igualdade, solidariedade, integração na UE sem sacrificar Portugal, são os valores do progresso e inovação”, declarou.

Para o líder socialista, a chave é preservar os valores mas “reinterpretá-los com espírito reformista e progresso”, porque “esses valores exigem adaptação aos novos desafios que temos de enfrentar”.

O início da intervenção de abertura de António Costa foi marcado por uma evocação das raízes fundadoras e de Mário Soares. "Mário Soares deixou-nos um grande partido", proclamou.