O suspeito do ataque que fez dois mortos e um ferido grave no Centro Ismaelita, em Lisboa, é um cidadão de nacionalidade afegã com três filhos menores, que sofria de problemas psicológicos e viu a sua mulher falecer num campo de refugiados na Grécia, há cerca de dois anos.

Em conferência de imprensa, o ministro da Administração Interna (MAI), José Luís Carneiro, adiantou que o suspeito tem filhos com nove, sete e quatro anos e que foi “recolocado em Portugal ao abrigo da cooperação europeia", beneficiando do estatuto de proteção internacional.

O autor do ataque tinha, segundo o MAI, uma “vida tranquila” e encontrava-se a aprender português no Centro Ismaelita, recebendo ainda apoio alimentar.

"Não havia quaisquer perspetivas de que o ataque viesse a acontecer, não havia qualquer sinalização que justificasse cuidados de segurança", adiantou o ministro.

À Renascença, o presidente da junta de freguesia de S. Domingos de Benfica, José da Câmara, refere que o refugiado afegão estava integrado na comunidade ismaelita, mas sofreria problemas psicológicos.

Em declarações à RTP, o familiar de uma das testemunhas do ataque, Nizam Mirzada, conta que o suspeito de 29 anos estava a participar numa aula de português, quando se dirigiu ao professor - que viria a ser o ferido grave.

Depois de colegas de turma o tentarem travar, o autor do ataque terá ameaçado cometer suicídio, colocando a faca “de grandes dimensões” que carregava junto ao próprio pescoço.

Abandonando a sala, atacou duas mulheres - as vítimas mortais - e tentou também atacar agentes da PSP que o tentaram imobilizar, tendo sido baleado numa perna.

O suspeito está agora internado no Hospital de São José, em Lisboa, onde foi submetido a uma cirurgia, mas não corre perigo de vida.