O projeto “umbilhete.pt” arranca oficialmente esta sexta-feira, com a assinatura de um protocolo entre as Áreas Metropolitanas (AM) de Lisboa e Porto e o Instituto da Mobilidade e Transportes (IMT) e deve ser uma realidade dentro de cinco a seis meses.

Em entrevista à Renascença, o secretário de Estado da Mobilidade explica que o IMT vai coordenar o trabalho e vai ficar fiel depositário do título único, ao qual todas as comunidades intermunicipais podem aderir.

O objetivo da medida, segundo Jorge Delgado, é que haja um único título de transporte – como o Andante, do Porto, e o Navegante, de Lisboa – que possa ser usado em todo o país e em todos os tipos de transporte. Isto abre caminho a tarifários intermunicipais, inter-regionais ou até a um preço para todo o território.

“Nós queremos uniformizar este tipo de suporte para que, por um lado, as autoridades que têm que gerar estes títulos possam aproveitar o trabalho umas das outras, um produto que seja feito por uma pode ser partilhado com os outros, e exista compatibilidade entre todas as regiões”, destaca.

A ideia - acrescenta - é com um simples cartão ou com um telemóvel, comprar um título em qualquer sítio.

“E por via desta compatibilização, isto vai-me abrir a possibilidade de eu muito mais fácil criar tarifários, bilhetes, que sejam intermunicipais e inter-regionais e, no limite até um bilhete para todo o território”, esclarece.

Jorge dá o exemplo da CP que apesar de percorrer todo o país tem de fazer acordos com as várias Comunidades Intermunicipais por onde passa e tem de adaptar aos sistemas que existem em cada um do território. Com este “um bilhete.pt” isto fica resolvido.

De acordo com o governante, quando o trabalho estiver concluído as várias comunidades intermunicipais podem aderir ao tal bilhete único e vão ter incentivos para o fazerem. Há 2,7 milhões de euros para o projeto.

“Ao fim de cinco, seis meses, esperamos que possamos comprar um cartão em qualquer sítio e carregar os títulos de viagem em qualquer sítio também. Ao fim de dez meses, esperamos ter isso desenvolvido para as aplicações móveis e passados mais três meses ter isso também para utilização de cartões do tipo multibanco”, adianta.

Para já “umbilhete.pt” avança para os transportes públicos, mas o objetivo final é que também possa ser usado em táxis, em TVDE’s e até para trotinetas e bicicletas.

“Claro que isto vai depender, depois da disponibilidade de cada operador privado para se adaptar e se integrar nisto. É um trabalho que vamos prosseguir porque entendemos que o sistema de mobilidade deve ser um sistema coeso, com estes elos todos ligados e oleados para que o cidadão que sinta confortável e sinta que é fácil utilizar estes meios”, realça.

A ideia é tornar tudo mais coeso, simples e confortável para simplificar a vida dos utentes e cativar mais utilizadores para os transportes públicos.

“O sistema de transportes públicos é a espinha dorsal do sistema de mobilidade, mas de facto faz todo o sentido permitir que o mesmo título que nos permite andar no transporte público nos permita inserir habilitação para utilizar meios complementares da mobilidade ativa”, remata.