A Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) não vê com otimismo o fim da Secretaria de Estado da Ação social, no novo Governo de António Costa.

O padre Lino Maia diz à Renascença que não sabia desta mudança e lamenta que o setor social deixe de ter um interlocutor direto.

“Aquilo que me parece é que vai dividir ações entre o secretário de Estado da Segurança Social e isso. Não é com otimismo que vejo esta mudança. Eu esperava de facto que houvesse uma secretaria de Estado iminentemente voltada para esta área, porque nós estamos a falar de muitas instituições, de muita proteção social e, portanto, penso que era importante haver de facto alguém que pudesse estar a tempo inteiro para esta área”, afirma o responsável.

Nesta altura, as IPSS ainda sofrem os efeitos da pandemia e, agora agravados com os custos acrescidos dos preços da energia. O padre Lino Maia espera que a mudança de ministro na Economia traga novidades, nomeadamente apoio financeiro para as instituições sociais.

“Nós estamos com um aumento muito significativo de preços de custos com a energia há instituições, sobretudo as que prestam apoio domiciliário, que têm grandes deslocações e, portanto, agora grande aumento de despesa. É preciso, de facto, uma atenção grande, e eu espero que seja executada uma medida de apoio a este setor nesta contingência”, detalha.

O padre Lino Maia revela que essa medida de apoio já está a ser falada e apesar da mudança de ministro na pasta da Economia espera “chamar suficientemente a atenção para uma ação concertada em favor das instituições”.

As instituições sociais estão também a ser chamadas a intervir no apoio aos refugiados ucranianos que chegam a Portugal. O Jornal de Notícias alerta, na edição de hoje, para o risco de ucranianos trazidos por particulares, sem rede de apoio, e fora do registo das autoridades. O padre Lino Maia confirma ter recebido já alguns alertas.

“Eu tenho medo que isso possa acontecer e que esteja a acontecer. Há talvez um voluntarismo excessivo neste ir buscar refugiados, trazê-los e depois não ter capacidade de resposta”, diz.

O presidente da CNIS assinala, no entanto, que “está a haver da parte das instituições muito boa ação tanto de acolhimento, como de acolhimento com trabalho e residência para refugiados. Estão também a decorrer também outras experiências muito interessantes de ensino de português e de integração de refugiados na comunidade nacional”.

“Agora vão chegando alguns ecos de receios, não tanto de desvios que estejam a acontecer, mas de receios que possam de facto ser perigosos”, conclui.