O mês em que o país bateu todos os recordes de mortes e internamentos por causa da pandemia, em que se registou a maior pressão sobre os serviços de saúde, foi aquele em que os portugueses também se mostraram menos tolerantes com os serviços de saúde, públicos ou privados. Em janeiro, o Portal da Queixa registou quase 800 reclamações e o SNS foi o alvo mais atingido.

Janeiro é o pior mês de que há registo na plataforma, que existe há mais de uma década, com uma média de 25 queixas por dia pelos serviços prestados na área da saúde. Todas somadas, quando se chegou ao dia 31, eram quase 800.

Segundo o Portal da Queixa, estes dados representam um aumento de 73% relativamente às 455 registadas há um ano, ainda antes da pandemia.

O Serviço Nacional de Saúde lidera, com 186 reclamações, seguido dos Hospitais e Centros de Saúde, Planos e Seguros de Saúde e Grupos de Saúde Privados.

Aquilo de que os portugueses mais se queixaram foi da falta de acompanhamento dos doentes por um médico, em atendimento presencial ou teleconsulta: mais de um terço das queixas. Quase ao mesmo nível, surge a insatisfação com a falta de atendimento telefónico nos diversos serviços.

Alguns dos queixosos também apontaram o dedo às muitas horas de espera para serem atendidos nas urgências hospitalares, COVID e não COVID.

Em 2020 o número de reclamações no setor da saúde quase atingiu as 7.300, mais 80% do que em 2019.