O Sindicato dos Inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) considera que o desembarque de migrantes na costa algarvia revela que "Portugal está numa situação de grande vulnerabilidade".

Depois de, na terça-feira, 21 migrantes terem sido intercetados pela GNR na Ilha do Farol, o sindicalista Acácio Pereira diz à Renascença que "um país, com uma costa com esta dimensão, que é, simultaneamente, fronteira portuguesa e da União Europeia devia ter uma atenção especial", porque esta "é uma situação que nos coloca riscos, no plano migratório, mas também no plano criminal e da nossa segurança interna".

Por outro lado, o dirigente do Sindicato dos Inspetores do SEF avisa para o que diz ser "o efeito chamada”.

“Se as pessoas começam a ver que conseguem chegar com facilidade, o Algarve poderá tornar-se um ponto de chegada, à semelhança do que aconteceu noutros pontos da Europa. Provavelmente, não com a mesma dimensão, mas pode acontecer."

Acácio Pereira lamenta, ainda, "a ausência de resposta por parte do Governo para este problema", que, segundo diz, "acaba por explicar as falhas sistemáticas na deteção de embarcações ilegais que, pura e simplesmente, não existe".

Além de que, conclui, "o país não tem centros de instalação em condições para acolher estas pessoas".

Um grupo de 21 migrantes foi intercetado, ao final da tarde de terça-feira, pela GNR na praia da Ilha do Farol, em Faro.

Vieram do norte de África numa pequena embarcação de madeira. Ficaram a cargo das autoridades e foram ser testados à Covid-19, antes de serem entregues ao SEF para a realização das restantes diligências.

Nos últimos oito meses foram intercetados a desembarcar ilegalmente no Algarve 69 migrantes provenientes do norte de África.