O Presidente do Brasil, Lula da Silva, percebeu que “tem avançado alguns sinais vermelhos” ao não manter "um discurso equilibrado" sobre a guerra na Ucrânia, mas já "houve um recuo".

A opinião é avançada à Renascença por Itamar Montalvão, editor do jornal “Estado de São Paulo”, no dia em que Lula chega a Portugal para uma visita oficial de cinco dias, num ambiente de polémica por ter dito que a guerra na Ucrânia é também responsabilidade do país invadido e que EUA e a União Europeia promovem o prolongamento do conflito.

O jornalista sublinha que Lula está numa busca de protagonismo, pelo que as suas palavras têm também de ser vistas à luz deste facto: "O Presidente Lula, neste início de mandato, quer retomar algum protagonismo na política internacional adotada pelo Brasil que sofreu danos muito severos nos últimos quatro anos, durante o governo de Jair Bolsonaro."

"As declarações do Presidente inserem-se neste contexto de retoma de protagonismo com uma espécie de diplomacia presidencial”, explica, reconhecendo, contudo, que Lula “tem avançado alguns sinais vermelhos” ao não manter um "discurso equilibrado".

"As posições são muito claras: há um país agressor e há um país agredido. O agressor é a Rússia e o agredido é a Ucrânia”, sentencia, lembrando que mesmo quem quer fazer a mediação da paz tem de ter esta noção, caso contrário, “enfraquece a posição de mediador desinteressado ou menos tendencioso para um dos lados, na mesa de negociação”.

O analista diz que “essas declarações foram altamente problemáticas”, mas, entretanto, “houve um recuo porque o Presidente Lula, ao mesmo tempo que tem essas pretensões, que são legítimas, também soube fazer a leitura do erro que cometeu”

“As repercussões negativas que as declarações iniciais tiveram no ocidente levaram a uma mudança de discurso, até porque, daqui a poucas semanas”, vai ter lugar a reunião do G7 onde o Brasil vai comparecer como país convidado, “algo que já não acontecia há algum tempo”.

O ativismo das presidências brasileiras faz com que Lula continue a promover “uma campanha histórica de conquistar um espaço para Brasil no Conselho de Segurança das Nações Unidas”, acrescenta

As relações externas do Brasil que o presidente Lula defende são definidas com a ideologia da “política externa independente, caracterizada pela procura de um papel de relevo na política internacional, que justifica a pretensão de “colocar o Brasil como uma potência regional, aqui na América do Sul, mas que também tem alguma projeção no mundo inteiro”.