A Amnistia Internacional (AMI) enviou ao Peru uma “equipa de resposta à crise” com a missão de investigar “as graves violações de direitos humanos e possíveis crimes de direito internacional cometidos no contexto da onda de protestos iniciada em dezembro passado”.

Segundo a diretora das Américas da AMI, Erika Guevara Rosas, “o mundo está de olho no Peru”, explicando que “dada a gravidade das denúncias de violações de direitos humanos, foi acionada uma equipa especializada em resposta a crises continentais, que só é acionada em situações de extrema gravidade”.

“A nossa equipa investigará violações de direitos humanos, com a intenção de contribuir com os esforços das organizações peruanas para identificar as supostas responsabilidades criminais das autoridades, mesmo nos níveis mais altos”, lê-se no comunicado.

Segundo dados oficiais, pelo menos 46 manifestantes e um polícia morreram durante a repressão aos protestos e outras nove pessoas perderam a vida em eventos relacionados com a crise social do país, mas há outras estatísticas que apontam para 65 mortos.

Segundo a informação disponibilizada, a equipa de resposta a crises da Amnistia Internacional vai recolher testemunhos e consultar documentos para justificar as alegações de violações de direitos humanos e possíveis crimes de direito internacional, de modo a apoiar as vítimas e exigir que as autoridades peruanas garantam os seus direitos à justiça, à verdade, à reparação e à não-repetição.

Além disso, o Corpo de Verificação Digital da Amnistia Internacional continuará a analisar as provas fotográficas e os vídeos de possíveis violações de direitos humanos.

Já a diretora executiva da Amnistia Internacional – Peru apela à Presidente Dina Boluarte que “termine com a repressão violenta das manifestações por parte das forças de segurança peruanas”, considerando que “para resolver a crise que o país enfrenta, o Governo deve concentrar todos os esforços na escuta e na resposta genuína às necessidades e reivindicações da população, especialmente dos que são historicamente discriminados devido à sua origem étnica e racial”.

“São precisas mudanças substanciais e estruturais imediatas para que todas as pessoas possam usufruir dos seus direitos humanos e viver com dignidade no país”, defende Marina Navarro.

A par de toda a instabilidade que se vive no país, prossegue o debate político sobre a antecipação da data das eleições. A presidente Dina Boluarte apresentou ao Congresso um projeto de lei que antecipa as eleições presidenciais e legislativas para outubro de 2023, cabendo, agora, a decisão à assembleia.

Nos últimos dias, as principais artérias do país foram libertadas de bloqueios e as empresas de transporte retomaram as suas atividades.