"Das ofertas, olhamos com particular carinho as destinadas às crianças” e aos nossos concidadãos, de um modo geral, vítimas do terrorismo’, disse o primeiro vice-presidente do parlamento moçambicano, Hélder Injojo, citado hoje pela Agência de Informação de Moçambique (AIM).

O apoio, composto por material escolar e desportivo em quantidades não especificadas, vai ser canalizado, através do Ministério do Género, Criança e Ação Social, às crianças de comunidades deslocadas em resultado das incursões de rebeldes armados que desde 2017 aterrorizam a província de Cabo Delgado, no norte do país africano.

Há cerca de 800 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.

A doação resultou de um compromisso assumido pela presidente do Conselho da Federação russa, Valentina Matviyenko, que efetuou uma visita a Moçambique em 30 e 31 de maio deste ano.

Na altura, Valentina Matviyenko, a terceira figura do Estado russo, classificou Moçambique como um “parceiro confiável”, lembrando o apoio da Rússia em “todas as etapas” que o país africano atravessou.

Durante a visita, Valentina Matviyenko e Esperança Bias, presidente da Assembleia da República de Moçambique, assinaram um acordo que visa reforçar a cooperação entre os dois parlamentos, incidindo na troca de experiências e partilha de informações.

Matviyenko é uma das personalidades russas submetidas a sanções pelos Estados Unidos da América e União Europeia (bens congelados e sem direito a visto) desde 2014 devido ao seu papel na anexação da região ucraniana da Crimeia pela Rússia.

Moçambique esteve entre os países que se abstiveram em duas resoluções que foram a votos na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU): uma condenou a Rússia pela crise humanitária na Ucrânia devido à guerra e outra suspendeu Moscovo do Conselho de Direitos Humanos.

A Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde a independência) foi um aliado de Moscovo durante o tempo da ex-URSS, tendo recebido apoio militar durante a luta contra o colonialismo português e ajuda económica depois da independência, em 1975.