O jornalista Roman Protasevich, que foi detido há poucos dias pelas autoridades da Bielorrússia, apareceu num vídeo onde afirma estar a ser bem tratado e não ter problemas de saúde.

A gravação, publicada na rede social Telegram, começou a circular na segunda-feira.

Em russo, e no espaço de menos de um minuto, o jornalista e ativista admite ainda ter agido a mando da União Europeia e dos EUA para organizar protestos violentos contra o regime de Lukashenko, o ditador que governa a Bielorrússia há vários anos. Os crimes que o jornalista admite ter cometido acarretam, segundo o correspondente do Financial Times em Moscovo, Max Seddon, penas de até 15 anos de prisão.

Protasevich nega notícias que entretanto circularam de que ele estaria a sofrer de problemas cardíacos.

Não existem outras informações sobre o vídeo, nem é possível determinar se o ativista foi coagido a proferir aquelas palavras, ou se falou de livre vontade.


O jornalista e blogger Roman Protasevich, de 26 anos, é um opositor do regime da Bielorrússia, presidido por Alexandr Lukashenko, desde os seus tempos de adolescente.

Para a sua pretendida detenção, Lukashenko forçou o desvio, para Minsk, de um avião comercial, da Ryanair, que voava de Atenas para a capital da Lituânia, Vílnius.

O delito da mais recente vítima de Lukashenko foi ter sido diretor dos canais Telegram Nexta e Nexta Live, que foram decisivos na organização dos protestos contra o dirigente do regime de Minsk depois das eleições presidenciais fraudulentas de agosto de 2020 e para a denúncia da repressão violenta das manifestações pacíficas.

O jovem é um colaborador próximo da líder da oposição bielorrussa no exílio, Svetlana Tijanovskaya, que está refugiada na Lituânia e que há uma semana seguiu a mesma rota do avião da Ryanair que agora foi desviado para Minsk.

Em 19 de novembro de 2020, Protasévich, juntamente com o fundador dos canais NEXTA, Stepan Putilo, foi incluído em uma lista de pessoas acusadas de "atividades terroristas" pelo Comité de Segurança do Estado (KGB) da Bielorrússia.

Dias antes, ambos tinham sido acusados à revelia de organizar desordens maciças, de atentar gravemente contra a ordem pública e de incentivar a discórdia social.