A Rússia enviou nesta sexta-feira a primeira central nuclear flutuante para o porto de Murmansk, no Ártico. O objetivo é fornecer energia a uma das regiões mais remotas do país.

Desenvolvida pela companhia russa estatal Rosatom, a central, batizada de “Akademik Lomonosov”, vai viajar cinco mil quilómetros pelas águas do Ártico para chegar à região de Chukotka, situada no extremo Leste da Rússia, junto ao estreito de Bering (que liga os Oceanos Pacífico e Ártico, entre a Rússia e os Estados Unidos – Alasca).

Carregada de combustível nuclear, vai substituir um central energética de carvão e uma antiga central nuclear, que abastece de energia as mais de 50 mil da cidade de Pevek.

Preocupações ambientais

De acordo com a Rosatom, a nova central flutuante é segura e pode servir de fonte de energia para as regiões e comunidades mais isoladas, mas os ambientalistas mostram-se relutantes e falam em risco de acidentes nucleares.

“Pensamos que a central nuclear flutuante representa um risco excessivo e uma maneira dispendiosa de obter energia”, afirmou Rashid Alimov, da Greenpeace russa, à agência Reuters.

A organização ambientalista designou a central flutuante de “Titanic nuclear”.

De acordo com o mesmo ambientalista, a central não foi construída com o objetivo de suprir as necessidades energéticas de Chukotka, mas antes para servir de modelo para potenciais compradores estrangeiros.

A Rosatom responde com críticas: “em vez de verem a ‘Akademik Lomonosov’ como uma oportunidade para obter energia limpa e estável em condições difíceis, criam alarme”.

Garantias de segurança

A empresa estatal garante ainda que a central foi capaz de "suportar com segurança um espectro completo de cenários negativos, incluindo desastres naturais e provocados pelo homem".

Outra garantia de segurança chega do representante especial do Presidente para os assuntos de transporte e ambiente, Sergey Ivanov, segundo o qual a central foi visitada por peritos da Agência Internacional de Energia Atómica (IAEA, na sigla em inglês) durante a sua construção.

“Não houve uma única observação ou preocupação expressa em relação à segurança ambiental”, garantiu Ivanov na cerimónia de lançamento da central.

A viagem da “Akademik Lomonosov” ocorre num momento de maior preocupação com a energia nuclear, tendo em conta a explosão ocorrida neste mês, no norte da Rússia durante um teste do sistema de armas. O acidente matou duas pessoas e provocou um aumento nos níveis de radiação numa cidade próxima.

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