Foi uma campanha eleitoral cheia de polémicas. De um lado, o controverso empresário, “outsider”, que quer construir um muro, rebaixa as mulheres, não quer os muçulmanos no país, critica heróis de guerra e não paga todos os impostos. Do outro, a política profissional que tem uns milhares de emails por esclarecer, o caso de Benghazy ainda a atormentar-lhe a vida e as contas da sua fundação por explicar.

O mundo só fala da luta Hillary/Trump mas há mais dois candidatos à presidência: Jill Stein (Verdes) e Gary Johnson (libertários).

Mais de 40 milhões de eleitores registados votaram antecipadamente e um deles foi o actual Presidente, Barack Obama. O voto negro não está a aderir ao voto antecipado como antecipavam os analistas, mas os hispânicos aparentemente sim.

Como é tradição nos Estados Unidos, a aldeia de Dixville Notch, New Hampshire, abriu as “hostilidades”.

São 50 os estados norte-americanos (e cada estado tem vários “distritos” num total de 538) mas, face ao sistema eleitoral do país, nem todos têm o mesmo peso na eleição do Presidente. Há estados decisivos, ou porque valem muitos votos no Colégio Eleitoral ou porque estão indecisos e podem cair para qualquer um dos dois lados da barricada.

Há vários tipos de “swing states” e o candidato que vencer a maioria destes vai suceder a Barack Obama.

Nos últimos dias de campanha, Trump e Hillary correram vários destes estados-chave e acabaram por centrar atenções especialmente em dois: Flórida e Ohio (que têm, respectivamente, 29 e 18 votos). O Ohio é especialmente importante, porque desde 1960 que o vencedor deste estado é o Presidente dos Estados Unidos.

Depois, o candidato Donald Trump não pode deixar de conquistar Carolina do Norte, Arizona, Geórgia e Missouri – quatro estados habitualmente republicanos.

Já Hillary Clinton não pode perder New Hampshire e vai tentar manter quatro conquistas de Obama: Pensilvânia, Colorado (que devem estar garantidos) mas também Iowa e Nevada.

Os eleitores votam e escolhem o Presidente. Depois de contados os votos, o candidato que ganhar o respectivo “distrito” conquista aquilo a que os norte-americanos chamam um “Grande Eleitor”, que passa a representar todos os votos do seu distrito no Colégio Eleitoral.

No final das contas, o objectivo dos candidatos é conquistar, precisamente, a maioria dos votos no Colégio Eleitoral, ou seja, 270 dos 538 Grandes Eleitores.

Como a votação não é directa e não funciona o sistema “um eleitor/um voto”, pode até acontecer que seja eleito um Presidente com menos votos que o adversário. A última vez que isso aconteceu foi em 2000. O democrata Al Gore teve mais votos, mas o novo Presidente acabou por ser o republicano George W. Bush.

Há oito anos, Barack Obama tornou-se o 44º Presidente dos Estados Unidos. Conseguiu 365 votos no Colégio Eleitoral. Foi o primeiro negro a chegar à Casa Branca. Se agora vencer Hillary será o regresso de um Clinton ao cargo, mas será também a primeira mulher a exercê-lo.

As urnas de voto nos Estados Unidos vão fechando ao longo da noite e madrugada de quarta-feira em Lisboa. As primeiras encerram às 23 horas e as últimas às nossas seis da manhã, no Alasca.