O comentador da Renascença Henrique Raposo entende que a decisão do PS de apresentar Mário Centeno como candidato a deputado nas próximas legislativas é uma forma de Costa continuar a combater a ideia de que o seu partido é despesista. Fazendo um paralelismo com o passado, comentador diz até que Centeno é hoje "um Cavaco à esquerda".

"Centeno faz lembrar muito uma espécie de Cavaco à esquerda, um Cavaco do PS. Um Cavaco no sentido do rigor orçamental. Que dentro da história do PS só tem em Ernâni Lopes, que foi o Vitor Gaspar de Mário Soares entre 1983 e 1985, alguém equivalente. Demonstra como António Costa percebeu que tinha de tirar a ideia de que o PS é o partido da bancarrota e incapaz de fazer contas", disse Raposo, comentando o anúncio feito por Marques Mendes no seu espaço de comentário na SIC.

"Eu acho que é mais rentável ficar com Mário Centeno. Há ali um eleitorado flutuante que vota PS ou PSD consoante o tempo. E tendo em conta a história recente do país, Mário Centeno é, e Costa percebe isso, a vacina contra esse passado", entende Henrique Raposo.

Jacinto Lucas Pires concorda com Henrique Raposo, mas aproveitou por deixar críticas ao que chamou de "Oráculo Mendes".

"Eu diria que serve melhor a estratégia do PS Mário Centeno ser candidato. Mas antes disto há a questão do 'Oráculo Mendes' que vale pouco. Dizer que alguém está mais para ficar do que para sair, o que é que isto diz?", questionou o comentador da Renascença, lembrando que o político do PSD disse, no seu espaço de comentário na SIC, que "Centeno está mais para ficar e menos para sair".

“Mas qual é que é o oráculo aqui? É estar mais para ficar do que para sair? O que é que isto quer dizer? Quer dizer que quando sair vai ter razão à mesma. Não estou a discutir os argumentos apresentados, estou a discutir a relevância que se dá ao 'Oráculo Marques Mendes', que é excessiva", disse o comentador.

O estranho caso da visita de Trump em Agosto

Sobre a eventual vinda de Donald Trump a Portugal, que de acordo com o "Expresso" deverá acontecer em finais de Agosto, Jacinto Lucas Pires diz não perceber nem as razões do convite. E estranha a data escolhida.

"Não percebo as razões do convite. Embora havendo um convite percebo que seja em Agosto que é para não estar cá ninguém e não haver protestos [...]. Espero que não seja essa ideia: trazer um presidente dos Estados Unidos mal-amado quando Portugal está a banhos”, disse o comentador.

Caso a visita de Trump aconteça mesmo, Jacinto Lucas Pires diz esperar que esse seja o momento para Portugal mostrar "que não quer Trumps na Europa e que não aceita o populismo de polegar". Uma perspectiva de que Henrique Raposo discorda, lembrando que o país não recebe a pessoa, mas sim o Presidente dos Estados Unidos da América.

“Discordo um pouco do Jacinto. Nós não recebemos pessoas, recebemos cargos. E o respeito de uma cerimónia de Estado é para o cargo e não para Donald Trump. Se começamos a esquecer isso, estamos a fazer o jogo dos populistas”, disse Henrique Raposo, que lembrou ainda a comunidade portuguesa nos EUA como razão da visita de estado.