“É o amor que guia os peregrinos”
08 mai, 2012 • Rosário Silva
O cónego Francisco Senra Coelho, assistente do Movimento da Mensagem de Fátima, explica o que motiva milhares de pessoas a caminhar a pé para Fátima todos os anos.
As explicações dos psicólogos, dos sociólogos ou dos jornalistas não são suficientes para compreender a motivação dos peregrinos, considera o cónego Francisco Senra Coelho.
O assistente do Movimento da Mensagem de Fátima já lidou de perto com um sem número de peregrinos e garante que a realidade é mais complexa. São quatro os pontos que salienta a este respeito.
“O primeiro ponto é o encontro com a comunidade. As pessoas fazem uma experiência durante vários dias, onde se partilha a refeição, se conversa no caminho, se reza, se faz silêncio, se canta, se ri, se chora, se entreajuda, e isto quebra a solidão, o individualismo que a massificação da sociedade urbana leva os indivíduos a viver”, refere.
Em segundo lugar está o contacto com a natureza e em terceiro está a dimensão espiritual: “Precisamos de nos renovar interiormente, de fazer a experiência de alguém que tem um objectivo e que luta por esse objectivo que é chegar ao Santuário. Fazemo-lo com uma dimensão totalmente gratuita, não nos vão dar nada quando chegarmos ao Santuário, nem sequer um brinde.”
Por fim, diz o cónego, há a dimensão da expiação e da reparação: “Muitas vezes sentimos que temos uma divida ao amor, uma divida à verdade, que temos uma divida à justiça, porque somos pecadores e a penitencia que Nossa Senhora pediu na Cova de Iria acontece nos caminhos”.
É esta última dimensão que explica verdadeiramente porque caminham os peregrinos, mesmo quando custa mais: “As pessoas sofrem, as pessoas têm dores de pernas, começam a ter dificuldades de caminhar. Há uma força interior de expiação, de pais que pedem por filhos que perderam a fé, que estão na toxicodependência, que sofrem por não ter um emprego, uma relação com o sofrimento que oferecem unindo-se a Cristo crucificado. E esta dimensão é profundamente de amor.”
Pode-se dizer, então, que é o amor que move os peregrinos? “Só o amor é motor da história. Não há possibilidades de fazer a história avançar se não for pelo amor. Como tal, é o amor que guia a maior parte destes peregrinos. Não digo que estou convencido disso, pois seria pouco, mas porque falo com eles, conheço e sei que é assim”, conclui o cónego Francisco Senra Coelho.