24 jan, 2015 • Henrique Cunha
Lembrando que recolocar o homem no centro é nada mais do que voltar a colocá-lo no seu lugar de origem, o filósofo francês Fabrice Hadjadj quis na conferência “Recolocar o Homem no Centro” aludir à importância da família no contexto social em que vivemos, em que a economia se tornou a prioridade das prioridades.
O responsável pelo Instituto Filantropo na Suiça - patrocinado pelo Papa João Paulo II - explicou o sentido das palavras do Papa Francisco em 2 de Julho do ano passado sobre a necessidade do homem estar no centro da sociedade, do pensamento, da vida. Fabrice condenou a economia que nos foi imposta: “que em vez de estar ao serviço das famílias, a economia dos economistas pôs as famílias ao seu serviço, deslocou-as pela exploração do trabalho, pela fascinação das mercadorias, pela dispersão dos seus membros à qual foi dado o nome de liberdade individual e que é antes de mais o isolamento e depois a servidão do indivíduo ao sistema."
E Fabrice Hadjadj acrescentou a receita para se poder sair desta crise em que vivemos, avançando com a conclusão de que “para começar a sair da crise económica e antropológica actual, seria necessário reencontrar não só o sentido de Deus e do espírito, mas também e sobretudo o sentido da família e da filiação, da paternidade e da maternidade".
Na fase de perguntas e respostas, Fabrice foi interrogado sobre o radicalismo e terrorismo e a liberdade de expressão. O filosofo lembrou que a “propria liberadde impõe limites”.
O filósofo que é membro do conselho pontificio para os leigos pontuou a sua intervenção com referencias à história de Portugal e aos seus maiores. Citou Lusíadas, Fernando Pessoa e Vitorino Nemésio e conclui com a ideia de que "Portugal afinal, é talvez, a parte mais avançada da Europa".
"Não digo isto só no plano geográfico, a propósito desta faixa de terra que é como o rosto de todo o nosso continente voltado parra o Novo Mundo. Não o digo também só por causa do Concílio de Braga, no século VI em que contra os maniqueus e os priscilianos, a Igreja afirmou com força a fé na Trindade e na bondade divina do casamento e da procriação dos filhos, à imagem desta mesma Trindade. Também não o digo somente por causa da admirável reconquista de todo o país sobre os muçulmanos entre o século X e o século XIII. Não o digo também somente por causa das aparições de Fátima, em que a Santíssima Virgem mostrou como três pastorinhos podiam ser mais fortes que a guerra e que o inferno. Digo-o sobretudo porque, antes de todos os outros países europeus, Portugal conheceu o colapso do seu império, porque o Eterno o conduziu antes dos outros à humildade e à simplicidade, à modéstia de um reino composto por famílias, sob a proteção da Sagrada Família. Ora é a partir daqui que se realiza a renovação do mundo."
“Recolocar o Homem no Centro” é o tema deste encontro que vai terminar com a Eucaristia este sábado na Igreja de S. Francisco.