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Bispo de Vila Real reclama incentivos para fixar população no interior

10 jul, 2014 • Olímpia Mairos

D. Amândio Tomás diz que é preciso “colocar gente no interior” e “suster fluxo migratório” com possibilidades e vantagens, “para as pessoas poderem subsistir com dignidade”.

Bispo de Vila Real reclama incentivos para fixar população no interior
D. Amândio Tomás, bispo da diocese de Vila Real, manifestou-se, esta quinta-feira, preocupado com o desemprego, o envelhecimento e a desertificação do interior do país.

O bispo de Vila Real teme que se crie um “Portugal cada vez mais assimétrico, um rectângulo empinado”, em que o elevado número de pessoas “no litoral e arredores das grandes cidades” provoque uma “cambalhota” ao país, que o faça “pinchar para o mar”.

“Isto está cada vez pior, é um ciclo vicioso”, constata o prelado.

Para contrariar a tendência da desertificação, o bispo de Vila Real refere que é necessário “colocar gente no interior e suster o fluxo migratório”, concedendo “‘regalias’ e possibilidades às pessoas” que ali vivem, para “poderem verdadeiramente subsistir com dignidade”, considerando que, desta forma, a população poderia “aumentar”.

D. Amândio reconhece que o interior é “pobre, com muitas montanhas e penedos”, mas lembra que na região já há “extracções de granito” e “instalações de minérios” e que seria possível “promover e apostar mais na agricultura”, principalmente nos “vales da região”.

O prelado nota ainda que “a crise, as dificuldades, são também oportunidades”, considerando que “é preciso ver com olhos de ver, promover iniciativas e inovar”.

Aprender com o passado
Servindo-se da história, D. Amândio Tomás refere o facto de Portugal sempre ter tido “dificuldades em colocar gente no Interior”, lembrando que “os reis, desde o século XII, pagavam ou isentavam de impostos as pessoas que estavam nos castelos, nas fortalezas, junto das fronteiras, dando-lhe regalias”.

“Hoje, quem vive no Interior não tem ‘regalias’. É condenado a não ter instituições, escolas, porque não tem crianças, a não ter hospitais... Somos condenados a viver ‘coitadinhos’ no interior e as pessoas em idade fértil, mesmo que tenham filhos, vão tê-los a outro lado”, lamenta o prelado.

D. Amândio Tomás falava à margem de uma iniciativa da Cáritas, em Vila Real.