BCP regressa aos lucros quatro anos depois

04 mai, 2015

Presidente do banco também falou sobre os produtos de risco. Admite alterações na comercialização, mas ressalva que, por vezes, não é possível controlar o desejo dos clientes de conseguirem lucros.

BCP regressa aos lucros quatro anos depois

O BCP conseguiu um resultado líquido de 70,4 milhões de euros nos primeiros três meses do ano. O banco regressa aos lucros depois de acumular prejuízos desde 2012.

“Depois de um período muito difícil, muito complexo, quatro anos depois o Millennium BCP vai apresentar lucros, o que não quer dizer que já tenhamos passado todos os obstáculos. Não é verdade. Ainda temos 2015 e 2016 como anos difíceis. Estamos confiantes no nosso caminho”, disse o presidente do BCP, em conferência de imprensa.

A recuperação da rendibilidade em Portugal e o desenvolvimento da actividade internacional são os dois factores-chave apontados pelo banco liderado por Nuno Amado para justificar o regresso ao lucro.

O presidente do BCP comentou as declarações do governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, que esta segunda-feira defendeu uma mudança na relação dos bancos com os clientes e a separação de balcões onde se vendem produtos de risco.

Formação e certificação dos bancários, análise do perfil dos clientes e bom processo de vendas. Este é o processo que o líder do Millenium BCP, Nuno Amado, defende para melhor controlar a venda de produtos bancários com maior risco.

Nuno Amado deixou uma alternativa, que passa por formação e certificação dos bancários, análise do perfil dos clientes e melhoramentos no processo de vendas, mas ressalvou que também não é possível controlar o desejo dos clientes para ganhar mais sem olhar ao risco.

Novo Banco? "O que me interessa é maximizar o preço"
O presidente do BCP realçou que o melhor para o banco que lidera é que o Novo Banco seja vendido pelo maior valor, independentemente de quem seja o vencedor desta corrida.

"O que me interessa é maximizar o preço. Concorrência no sector bancário sempre houve", afirmou o responsável.

Questionado sobre o interesse que a instituição que resultou da intervenção do Banco de Portugal no antigo Banco Espírito Santo (BES) tem despertado junto de investidores chineses, Nuno Amado foi directo: "Sendo chinês, óptimo. Temos colegas chineses nos conselhos de administração da EDP e da REN. Se tivermos concorrentes chineses na banca, tanto melhor, desde que sejam os que pagam mais", sublinhou.

O BCP é um dos bancos participantes no Fundo de Resolução, o accionista único do Novo Banco, pelo que quanto maior for o encaixe obtido com a venda do último, melhor será para a entidade liderada por Nuno Amado.

Noutro plano, Nuno Amado considera que a proposta de fusão entre o BPI e o BCP, lançada pela empresária Isabel dos Santos, deve ser analisada já que vai na direcção certa, que é a da consolidação no sector.