11 nov, 2023 - 21:20 • Fábio Monteiro
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António Costa escolheu falar aos portugueses, este sábado, sobre os investimentos no centro da investigação da Operação Influencer. Mas a conferência em São Bento ofereceu algo mais.
Clínico e direto, como é hábito, o primeiro-ministro defendeu que é importante que Portugal “não desperdice” oportunidades e que faça "pleno aproveitamento das infraestruturas”.
Em três momentos, contudo, António Costa fugiu ao guião.
Logo no início da conferência, num registo solene, Costa pediu desculpa aos portugueses, devido aos 76 mil euros descobertos na posse do ex-chefe de gabinete Vitor Escária.
“Sem me querer substituir à justiça, que respeito, não posso deixar de partilhar com os cidadãos que a apreensão de envelopes com dinheiro no gabinete de uma pessoa com quem escolhi para trabalhar me faz sentir com a confiança traída, é algo que me envergonha e tenho o dever de pedir desculpa”, disse.
Mais à frente, em declarações aos jornalistas, quando questionado pela presença da mulher, Fernanda Tadeu, em São Bento, Costa ficou mesmo de voz embargada.
"Há gestos de carinho que não carecem de explicação, só de gratidão", disse.
E, por último, houve o momento em que Diogo Lacerda Machado, o dito melhor amigo de António Costa, perdeu - em direto - tal título.
Lacerda Machado “não tinha qualquer mandato da minha parte para fazer o que quer que seja neste caso, nunca falou comigo sobre este assunto em circunstância alguma”, revelou Costa.
E depois acrescentou: “Apesar de, num momento de infelicidade, eu ter dito que ele era o meu melhor amigo, a realidade é que um primeiro-ministro não tem amigos. E quanto mais tempo exerce, menos amigos tem. Em qualquer dos casos, o que quer que ele tenha feito neste processo, nunca o fez com a minha autorização, conhecimento e interferência e nunca falou comigo sobre este assunto.”