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Jornada Mundial da Juventude

JMJ em números. Um milhão de hóstias, 20 quilómetros por dia a pé, zero velas

27 jul, 2023 - 12:19 • Salomé Esteves

Quatro anos para organizar uma jornada de seis dias que deverá trazer mais de um milhão de pessoas a cinco municípios da Área Metropolitana de Lisboa. Os inscritos caminham para os 350 mil e os terços, para os 600 mil. Já as hóstias aproximam-se dos participantes e rondam um milhão.

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Depois de quatro anos de espera e um adiamento, são milhares os voluntários, peregrinos e membros do clero que esta semana chegam a Lisboa para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

Na organização dos vários eventos da JMJ, tudo se conta dos milhares aos milhões, exceto as velas, que serão zero. Os inscritos estão a chegar aos 350 mil, mas espera-se entre um milhão e um milhão e meio de participantes.

A mobilidade, a alimentação e a saúde são sistemas fundamentais para a logística da Jornada, mas quantos objetos e estruturas são precisos para que mais de metade da população de Lisboa se acrescente à área metropolitana durante essa semana?

Como se garante que não falta nada? É a pergunta que a Renascença fez à direção logística da JMJ. “É um grande desafio”, começa por responder Jorge Messias.

“É preciso que o trabalho seja feito em equipa, a pensar no bem daqueles que participam e da própria cidade.”

Começando por quem organiza o evento: são 300 os voluntários que trabalham com a direção logística, um grupo que vai trabalhar diretamente com os comités organizadores paroquiais, vicariais e diocesanos. Existem também equipas externas e parceiros para assegurar transporte e alimentação, por exemplo.

Apesar de o número de inscritos aumentar de dia para dia à medida que a JMJ se aproxima, estão a ser preparados mais de 400 mil kits de peregrino. Serão ainda distribuídos mais de 600 mil terços.

as hóstias feitas especialmente para a JMJ ultrapassam um milhão. Parte destas foram produzidas com recurso a duas toneladas de trigo alentejano doado pela Associação Nacional de Produtores de Proteaginosas, Oleaginosas e Cereais e estão a ser produzidas pelas irmãs Clarissas do Mosteiro do Imaculado Coração de Maria, na Estrela.

Pessoas e eventos

No geral, estão envolvidos cerca de 30 mil voluntários nesta JMJ, que estão distribuídos pelas várias equipas da organização.

Prevê-se que o número de peregrinos aumente ao longo da semana, antecipando-se cerca de 750 mil pessoas no Parque Eduardo VII e um milhão no Parque Tejo.

A organização revela à Renascença que, até ao momento, estão inscritos cerca de 1.700 peregrinos e voluntários com deficiência e mobilidade reduzida. Para estes peregrinos existem duas “zonas de atenção à deficiência”, uma no Parque Tejo e outra no Parque Eduardo VII.

A mesma fonte acrescenta que integram a equipa de voluntários cerca de 150 intérpretes de língua gestual e de gesto internacional, bem como tradutores. As traduções serão feitas nas cinco línguas oficiais da jornada: português, francês, inglês, espanhol e italiano.

Apesar de serem cinco as línguas oficiais, o hino da JMJ está traduzido em nove línguas.

A JMJ já recebeu inscrições de todos os países do mundo, exceto das Maldivas. Até ao momento, não estão finalizadas as inscrições dos 204 países. Aliás, das mais de 600 mil inscrições iniciadas a 30 de junho, estavam finalizadas pouco mais de 300 mil. A poucos dias da jornada, D. Américo Aguiar partilhou que “estamos a chegar aos 360 mil”.

No último apanhado divulgado pela organização, Portugal não era o país com mais inscritos, mas o quarto, a seguir a Espanha, Itália e França. Portugal também não era o país com mais bispos inscritos, mas o quinto, depois de Itália, Espanha, França e EUA.

No Festival da Juventude, que vai espalhar eventos culturais por cinco municípios da AML (Lisboa, Loures, Oeiras, Cascais e Sintra), vão participar cerca de 2.500 jovens de 35 países. No total, serão mais de 500 os eventos, 300 dos quais concertos, a decorrer em mais de 100 espaços e nove palcos.

Até ao primeiro dia da Jornada, decorrem os dias das dioceses. Nesta iniciativa participam cerca de 67 mil jovens, de 900 grupos de peregrinos, em 17 dioceses por todo o país, entre 26 e 31 de julho.

Até ao final de junho, cerca de 2 mil profissionais da comunicação social já tinham feito a sua acreditação para acompanhar a jornada em Portugal e no estrangeiro. Este processo apenas fechou a 11 de julho.

Estruturas

150 confessionários para receber jovens no Parque do Perdão, localizado na Cidade da Alegria, em Belém, entre 1 e 4 de agosto. As estruturas foram fabricadas por reclusos nos estabelecimentos prisionais de Paços de Ferreira, do Porto e de Coimbra, e custaram cerca de 43 mil euros.

Até ao momento inscreveram-se 2.600 padres para administrar o sacramento da reconciliação nestes confessionários, em várias línguas. Também o Papa Francisco vai estar na Cidade da Alegria, no dia 4 de agosto, a partir das 9h da manhã, para fazer a confissão de alguns jovens.

Cerca de 10 mil padres estão inscritos para participar na missa final da JMJ, que terá lugar na manhã de domingo, 6 de agosto, no Campo da Graça, no Parque Tejo.

Parte destes assistirão à celebração a partir do altar-palco, que, depois da reformulação do projeto e de uma redução de 30% no investimento, terá um custo final de 2,9 milhões de euros e capacidade para 1.240 pessoas, ao invés das iniciais 2 mil.

O Parque Tejo, denominado para a Jornada de Campo da Graça, é um espaço com dimensão correspondente a 100 campos de futebol.

O hospital de campanha ali construído está preparado para atender 100 peregrinos por dia, nos últimos dois dias da jornada, ou seja, 200 peregrinos. Nesta estrutura, vão estar sempre cerca de 30 profissionais em cada uma das unidades, para evitar que pessoas em necessidade tenham de ser encaminhadas para hospitais.

Ao todo, este dispositivo, que também contará com o apoio de ambulâncias e parceiros, envolve 500 operacionais.

Serão quatro os hospitais de campanha a funcionar durante a primeira semana de agosto, para a jornada, e 80 as equipas médicas.

Foram erguidas também cinco “Zonas de Calma” para acompanhamento e atendimento à saúde mental dos participantes. Estarão localizadas em cinco tendas nos dois locais principais da jornada, o Parque Eduardo VII e o Parque Tejo. Alocados a este serviço estão 30 profissionais da área da saúde mental, incluindo psicólogos, psiquiatras e outros profissionais.

Estão também inscritos 250 enfermeiros como voluntários, que prestarão cuidados de saúde em vários eventos da JMJ, em articulação com Cuidados Primários e Hospitalares.

Os serviços de saúde vão ser complementados pelo SNS que, anunciou o Ministério da Saúde na quarta-feira, oferecerá atendimento em 69 línguas durante a jornada, numa tradução simultânea em colaboração com o Alto Comissariado para as Migrações.

O altar-palco projetado para Colina do Encontro, situado no Parque Eduardo VII, teve um custo total de 450 mil euros. A conclusão deste palco, que tem uma área de 960 metros quadrados, estava prevista para o final da segunda quinzena de julho. Contudo, esta quinta-feira, ainda não estava concluído.

Alojamento e alimentação

Foram 289 mil os jovens que pediram alimentação na inscrição, cerca de 90% dos que finalizaram esse processo a 30 de junho. Para os kits de alimentação destes jovens, está contratualizado o fornecimento de três milhões de refeições, garante à Renascença fonte da organização.

Foi também constituída uma rede de restauração, que contempla 38 restaurantes, incluindo várias cadeias, alargando a rede de restauração a várias localizações em Lisboa e municípios vizinhos. Ao todo, estão a ser validados 1.482 restaurantes, confirma a mesma fonte. Os fontanários e bebedouros da cidade de Lisboa também serão reforçados, dobrando de 200 para 400.

Para os peregrinos com alojamento, que a 30 de junho totalizavam 214.500 inscrições finalizadas, estão disponíveis cerca de 4.600 duches. Nesta data, 70% dos peregrinos inscritos precisavam de alojamento.

A organização garante mais de 470 mil lugares de pernoita para os peregrinos inscritos na Jornada. Destes, cerca de 24 mil dependem de famílias de acolhimento.

Transportes, mobilidade e segurança

A organização da JMJ conta com um reforço de 340 mil lugares diários nos transportes públicos da Área Metropolitana de Lisboa nos dias úteis e 780 mil no fim de semana, para assegurar a circulação de pessoas.

O Governo autorizou 3,3 milhões de euros para comparticipar 40% dos passes de peregrino, incluídos nos kits. Estes passes têm três modalidades de 16, de nove e de três dias.

Apesar desta facilidade, a expectativa, diz a organização à Renascença, é que cada peregrino caminhe entre 17 e 20 quilómetros por dia.

“É isso que o histórico das outras Jornadas nos indica”, explica Jorge Messias. O plano de mobilidade foi pensado para que os jovens que queiram deslocar-se entre os locais da JMJ o possam fazer a pé com uma demora de 30 a 60 minutos. Para percorrer a distância entre os dois principais locais, o Parque Tejo e o Parque Edurado VII, é preciso caminhar cerca de 10 km, o que leva aproximadamente duas horas.

Há vários voluntários e peregrinos que se deslocarão até Lisboa em grupos. Assim, espera-se a chegada de 4 mil autocarros. Estão reservados 6.200 lugares de estacionamento para estes veículos, podendo estender-se até aos 7.200.

Os eventos de maior dimensão, que decorrem nos dois principais locais da JMJ, o Parque Eduardo VII e o Parque Tejo, obrigarão ao encerramento de cinco estações de metro (Avenida, Marquês, Parque, Picoas e Moscavide) e de quatro estações de comboio da linha da Azambuja (Moscavide, Sacavém, Bobadela e Santa Iria).

Já na Carris, serão suspensas 28 carreiras, dois elétricos e três ascensores, a partir de 29 de julho, ainda que com variações ao longo dos dias, consoante a zona da cidade de Lisboa. Vinte e cinco autocarros e um elétrico terão alterações de percurso nos dias 1, 3 e 4 de agosto, enquanto 17 autocarros verão o seu itinerário desviado ou dividido nos dias 5 e 6.

Lisboa tem um total de 2.973 docas de bicicletas Gira. Contudo, 31 estações localizam-se nas zonas amarelas junto ao Parque Eduardo VII e ao Parque Tejo, que estarão interditadas, respetivamente a 1, 3 e 4 de agosto, e a 5 e 6. As estações aqui localizadas têm até 33 docas cada.

Na segurança, está previsto o envolvimento de 16 mil agentes das forças de segurança, número que pode ascender aos 20 mil.

Para assegurar a eficaz circulação das pessoas dentro e entre os espaços da JMJ, foram desenvolvidos cerca de 15 mil materiais, como sinalética e cartazes, que irão permitir um bom sistema de localização.

À medida que a Jornada se aproxima, os números vão somando e mudando. Fonte da JMJ garantiu à Renascença que todos os dados estão em aberto até ao último dia.

Desde o início do ano, a previsão do custo total para a realização da jornada ronda os 160 milhões de euros. Carlos Moedas antecipa um retorno “absolutamente extraordinário” para a cidade de Lisboa, podendo resultar em “200, 300 ou 400 milhões” de euros.

Dos 35 milhões investidos pela Câmara Municipal de Lisboa, reforça o autarca, 25 ficam na cidade.

O restante orçamento é distribuído pelo Governo, que avançou com 36 milhões de euros, pela Igreja, que investiu 80 milhões, e pela Câmara Municipal de Loures, num máximo de 10 milhões.

[Atualizada às 16h14 com as novas informações sobre as estações de metro encerradas]

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