Covid-19

"Inevitavelmente, vamos ter um Natal mais seguro do que o do ano passado", diz especialista

19 nov, 2021 - 00:00 • João Malheiro

Miguel Prudêncio considera a vacinação "a grande barreira" contra a pandemia. O imunologista do Instituto de Medicina Molecular da Universidade de Lisboa, diz que "não há qualquer justificação" para medidas restritivas generalizadas. Para o especialista, o reforço para os vacinados Janssen "faz todo o sentido".

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O imunologista do Instituto de Medicina Molecular da Universidade de Lisboa, Miguel Prudêncio, acredita que, este ano, "inevitavelmente, vamos ter um Natal mais seguro" do que o de 2020.

"Entramos num contexto completamente distinto. No ano passado não tínhamos as vacinas e elas conferem essa segurança que antes não existia", explica, à Renascença.

"A situação deste Natal não tem comparação. As vacinas fazem toda a diferença. São a melhor barreira que podemos ter contra esta doença", reforça.

Apesar da crença na capacidade das vacinas, o especialista defende que haja um reforço de testagem antes de encontros com a população mais fragilizada.

"Por exemplo, a realização de um teste rápido antes do contacto. Como quem vai visitar um familiar a um lar de idosos. Dá mais tranquilidade às próprias pessoas. É uma ferramenta adicional", considera Miguel Prudêncio.

"Não há qualquer justificação para novas restrições generalizadas"

Esta sexta-feira realiza-se uma nova reunião no Infarmed, numa altura em que as infeções diárias continuam a subir.

Os líderes políticos admitem o regresso de algumas restrições para mitigar a pandemia.

Segundo projeções do "Institute for Health Metrics and Evaluation" (IHME), Portugal pode ficar , a janeiro de 2022, com um nível de infeções semelhante ao de janeiro deste ano.

A 28 de janeiro de 2021, Portugal registou novos máximos de número de mortos e de novas infeções por Covid-19. De acordo com o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) divulgado nesse dia, morreram 303 pessoas e registaram-se 16.432 novos casos, em 24 horas.

De acordo com o IHME, a 28 de janeiro de 2022, no pior dos casos, Portugal pode atingir números acima dos 14 mil infetados e o mais provável é que se fique pelos nove mil casos diários confirmados.

A grande diferença, no entanto, é que, segundo as projeções, a mortalidade seria significativamente mais baixa em 2022, do que no início deste ano.

O imunologista do Instituto de Medicina Molecular da Universidade de Lisboa, diz que "não há qualquer justificação" para medidas restritivas generalizadas, nem o regresso "de um estado de emergência ou de um confinamento generalizado".

"Felizmente com a cobertura vacinal, temos uma barreira muito eficaz. Estamos longe da situação do ano passado em que estávamos mais expostos a variantes graves da doença", considera Miguel Prudêncio.

Mesmo assim, o especialista, tal como no caso do Natal, pensa que é compreensível que haja "medidas pontuais para as faixa etárias mais vulneráveis à Covid-19".

"É preciso distinguir as pessoas mais fragilizadas da generalidade da população. São precisas medidas específicas, não generalizadas", reitera, à Renascença.

Reforço para vacinados Janssen "faz todo o sentido"

Esta quinta-feira, a DGS anunciou uma série de alterações na metodologia da vacinação da Covid-19.

Uma das alterações é o facto de as pessoas vacinadas com a vacina da Janssen, de toma única, irem receber um reforço.

De acordo com a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, o reforço será feito a todos os que receberam a Janssen, com mais de 18 anos, cumprindo um intervalo de 90 dias após a toma da primeira dose. A segunda administração será de uma vacina do tipo mRNA.

A decisão, para Miguel Prudêncio, "faz todo o sentido" de um ponto de vista científico e médico.

"Não só não há nenhuma desvantagem em combinar tipos de vacinas diferentes, como parece despoletar uma resposta imunitária um pouco mais robusta. Este reforço é justificado pelos dados disponíveis", explica.

Para os utentes maiores de 65 anos que estão a atualmente elegíveis para o reforço vacinal, o intervalo entre a toma da segunda e a terceira dose vai ser encurtado para entre 150 a 180 dias, ou seja cinco a seis meses. Atualmente, o período para administrar o reforço vacinal era a partir dos seis meses.

O imunologista do Instituto de Medicina Molecular da Universidade de Lisboa aponta que a redução de prazos também se justifica, "porque vamos poder vacinar mais cedo um conjunto maior de pessoas, que de outra forma só seriam vacinadas no próximo ano".

"Não há qualquer uma perda de eficácia do reforço por ser dado mais cedo", explica, à Renascença.

Miguel Prudêncio acrescenta que não se pode descartar "uma quarta dose", daqui a alguns meses, e que a prioridade terá de ser sempre a necessidade de proteção das camadas da população mais vulneráveis e idosas.

Nas últimas 24 horas, Portugal registou mais 12 mortos e 2.398 infetados com Covid-19. O número de internados continua a aumentar, mas não nos cuidados intensivos. Há neste momento 523 pessoas internadas com Covid nos hospitais portugueses, mais nove do que ontem, dos quais 72 em cuidados intensivos (menos três do que ontem).

O número de ativos voltou a subir e está agora acima dos 41 mil (41.135).

Desde o início da pandemia, Portugal registou 1.115.080 casos da doença, dos quais 18.295 morreram e 1.055.650 conseguiram recuperar.

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