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Carlos Almeida

"Relvado do Marítimo não determinou resultado, mas teve influência"

24 ago, 2021 - 12:45 • Luís Aresta com Redação

Carlos Almeida, antigo treinador, é um académico que estuda a ligação entre o estado dos relvados e o jogo.

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Mais do que no resultado de um jogo, dependente de muitos outros fatores, a qualidade de um relvado tem um efeito direto na qualidade do jogo. É esta a conclusão que Carlos Almeida, antigo treinador e professor universitário no Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes, em Portimão, extrai dos vários estudos que tem consultado sobre relvados de futebol.

Nesse sentido, concorda com Sérgio Conceição, quando o treinador do FC Porto diz que o relvado do Estádio dos Barreiros influenciou o desfecho da partida com o Marítimo (1-1), no domingo, para a 3.ª jornada do campeonato.

"O relvado teve influência. Não determinou o resultado, mas teve influência porque ao condicionar as ações técnicas do Porto acabou por limitar o plano de jogo da equipa técnica, com um estilo mais assente em posse", considera Carlos Almeida, em entrevista à Renascença.

O académico, também autor do blogue "linhadepasse", acrescenta , que "a equipa que defende acaba por sair mais beneficiada", por não ter tanta necessidade de controlar o jogo com bola. Algo que o treinador do FC Porto também salientou.

Num recurso aos estudos publicados sobre o tema, mas também à experiência empírica de cada um, Carlos Almeida nota que todos "percebemos qua a alteração das propriedades mecânicas [de um relvado] condicionam o desempenho técnico dos jogadores". "Essa alteração tem impacto no estilo de jogo da equipa e no jogo coletivo", acrescenta.

Soluções de recurso

A forma de mitigar as consequências pode passar por dois caminhos, observa: "Ou trabalhamos num relvado em más condições e que replique o relvado que vamos encontrar em competição; ou procuramos um estilo de jogo que saia menos prejudicado, tendo em conta as condições do relvado. Mais passe longo, jogo aéreo. O que não é o do agrado das equipas mais fortes, que tendem a assumir o controlo do jogo".

Mas este processo de habituação não é recomendável. Aquilo que Carlos Almeida defende é uma alteração ao Regulamento de Competições, com a inscrição de uma exigência maior relativamente aos relvados, obrigando os clubes a apresentar relvados em condições para a promoção de "um jogo com mais igualdade".

A polémica sobre o estado dos relvados estalou no fim de semana, após o Marítimo-FC Porto. Sérgio Conceição queixou-se das condições dos Barreiros, como já se havia queixado Carlos Carvalhal, treinados do Braga, na 1.ª jornada.

A Comissão Técnica da Liga atribuiu uma segunda nota negativa consecutiva ao relvado dos Barreiros e o estádio do Marítimo foi interditado preventivamente. O clube madeirense, como a Renascença noticiou, está a proceder a uma intervenção de fundo, não descarta inclusivamente a possibilidade de substituir o relvado, e deverá, em três semanas, reabilitar a sua casa, evitando, dessa forma, ter de jogar em local neutro.

A Comissão Técnica irá proceder a vistorias, passar o "caderno de encargos" ao Marítimo, que se não os cumprir terá mesmo o estádio interditado para o encontro de dia 12 de setembro, frente ao Arouca.

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  • Carlos Almeida
    24 ago, 2021 Monchique 18:45
    Caro Ivo Pestana, Reforço que as condições do relvado influenciam - ou são suscetíveis de influenciar, se assim preferir -, as ações técnico-táticas dos jogadores, porém, ficou expresso que não determinam o resultado final. O (des)equilíbrio de força entre as equipas em oposição é que, predominantemente, determinam o produto do jogo. Deste modo, o FC Porto defrontou um CS Marítimo que apresentou os seus argumentos e, como muito bem mencionou, poderia inclusivamente sair vitorioso. As condições de prática foram as mesmas para as duas equipas, mas, jogando o Marítimo em "casa", pode ter beneficiado de melhor adaptação (e estratégia) para o encontro, sendo a priori expectável que passasse mais tempo em processo defensivo. Jamais pretendi retirar mérito ao clube madeirense ou desrespeitar os seus adeptos. Concluo reiterando a importância de todas as equipas, incluindo os designados "grandes", apresentarem campos o mais uniformes possível, pois só assim se poderá potenciar o futebol espetáculo e gerar mais-valias para todos os clubes que militam nas ligas profissionais em Portugal. Os meus cumprimentos, (Carlos H. Almeida)
  • Ivo Pestana
    24 ago, 2021 Madeira 13:41
    Mas quando foram campeões do mundo em cima da neve, não teve influência? Marcaram um só golo e o Marítimo até podia ter ganho. Em Portugal estes especialistas só defendem os grandes.

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