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Nuno Manta Santos

Torreense. Primeiro campeão da Liga 3 quer manutenção na II Liga

15 jun, 2022 - 11:45 • José Barata

O treinador que conquistou a primeira edição da Liga 3 quer manter a equipa no escalão para onde subiu. Em entrevista a Bola Branca, Nuno Manta Santos fala de vários temas da atualidade do futebol português.

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Nuno Manta Santos vai voltar a treinar nas ligas profissionais. Depois da passagem por Feirense, Marítimo e Desportivo da Aves na I Liga, o treinador vai estrear-se na II Liga com o Torreense, equipa que conquistou a primeira edição de Liga 3, tendo subido de divisão.

Em entrevista a Bola Branca, Nuno Manta Santos revela que o objetivo da subida foi-lhe pedido quando foi contratado pelo clube da zona Oeste.

"A subida de divisão foi um objetivo proposto desde o início da época, tanto aos jogadores como à equipa técnica anterior e a mim quando cheguei ao Torreense. Era esse o foco, era esse o objetivo que era pretendido. Foi um trabalho diário de toda a gente, que se envolveu de corpo e alma para conseguir esse objetivo. Quando fomos à final, conseguimos vencer e trazer o título para Torres Vedras, fazendo um marco histórico por sermos os primeiros campeões da Liga 3. Agora há que virar a página e continuar a fazer história na II Liga, que é um liga muita competitiva", considera.

Nuno Manta Santos diz que o plantel está a ser construído com critério.

"Estamos a analisar os jogadores que tínhamos, que tinham contrato e que achamos que são indicados para renovar e continuar na II Liga. Estamos atentos ao mercado, a tentar encontrar os jogadores que se adequem e que se ajustem à nossa maneira de estar no futebol e de pensar, acima de tudo. A qualidade e o valor humano interessam muito. Sabemos que cada vez mais a personalidade do jogador acaba por ser por definir muito bem o que, depois, é o rendimento desse jogador ao longo da época", afirma.

O Torreense chega à II Liga para tentar garantir a manutenção, mas com o objetivo de "fazer o maior número de pontos possível".

"Claro que temos de ter sempre a consciência que uma equipa que está a chegar à II Liga, e há 24 anos que não estava nos campeonatos profissionais, terá de ter em sua mente, primeiro que tudo, a sua permanência e, depois, então, conforme a classificação, tentar algo mais. Mas o meu foco passa sempre por ganhar o próximo jogo. E é essa a mentalidade que eu quero incutir à equipa", aponta.

Memórias da Vila das Aves e planos para uma época diferente


Nesta entrevista à Renascença, Nuno Manta Santos lamenta que em Portugal os projetos dos clubes estejam condicionados pelos resultados, sem dar tempo e tranquilidade para trabalhar.

"Os projetos são sempre bonitos no papel e ficam muito bem nos PowerPoint's, nos computadores e nas televisões. Mas o único projeto que há no futebol português neste momento é o ganhar. E isso é notório em todas as competições, em todos os anos. Por isso é que há sempre muitas chicotadas para os treinadores. E é por isso que há muitas equipas em que entram vários treinadores, vários jogadores ao longo de uma época. Tem a ver sempre com resultados", entende.

O treinador viveu o pior momento da carreira no Desportivo das Aves, quando o clube minhoto desceu de divisão, com os jogadores e equipa técnica a não receberem salários. Nuno Manta Santos lamenta que continuem a existir situações idênticas, criticando quem permite que tal aconteça.

"Quando me falam do Aves, vêm-me muitos sentimentos e muitas coisas à cabeça. Mas também tenho de olhar para aquilo que é positivo do Aves. Esperava eu na altura que este tipo de situação tivesse acabado no futebol português, mas o que é certo nos últimos dois anos continuam a haver casos parecidos ou semelhantes ao Aves. Muitos deles não são denunciados, ouve-se entre linhas e muitos outros casos parecidos. É pena as pessoas que estão na tutela e na fiscalização dessas pequenas incidências, que acontecem na nossa sociedade no que diz respeito à profissão, ao futebol, não atuarem devidamente. Mas é o futebol", critica.

Esta época vai ser diferente nas provas profissionais pela paragem para o Mundial do Qatar, no final do ano. O treinador do Torreense, atento à "densidade competitiva" agravada, considera que vai ser preciso trabalhar de forma diferente, o que até pode passar por um período de férias em dezembro.

"Na minha opinião, vão haver dois ciclos. Vai haver um ciclo até novembro e outro de janeiro até ao final do campeonato. A nível da gestão de cargas, a nível de intensidade de treinos e programação, de cargas para entrarmos bem na primeira fase do campeonato e depois voltarmos novamente com elevada capacidade na segunda fase do campeonato. Teremos de levar isso em conta. Eu e a minha equipa técnica estamos a ponderar mesmo fazer um período de férias em dezembro para dar algum descanso mental e físico aos jogadores", revela.

Benfica entre os candidatos ao título, apesar da reestruturação


Num olhar para a I Liga, Nuno Manta Santos não deixa de colocar o Benfica como candidato ao título de campeão, apesar de ter um novo treinador, ao contrário do que deve acontecer com Sporting e FC Porto.

"Sem olhar para os plantéis, nem para os jogadores que estão a ser contratados, é claro que o Rúben Amorim e o Sérgio Conceição têm um perfeito conhecimento das suas equipas, e podem ter um pouco de vantagem, mas acredito que o treinador do Benfica também irá fazer o seu trabalho."

O treinador do Torreense acredita que a equipa técnica de Roger Schmidt tentará encontrar os jogadores indicados e "certamente vai querer estudar muito bem o campeonato português para entrar forte".

"O Benfica é sempre candidato, como o Sporting e o Porto", conclui.

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