08 mar, 2021 - 11:00 • Eduardo Soares da Silva
Micael Sequeira foi treinador-adjunto de Rúben Amorim no Sporting de Braga durante a sua passagem pela equipa principal dos minhotos e acredita que o Sporting terá muitas dificuldades em segurar Amorim de uma transferência para um gigante europeu já no final desta temporada.
Em declarações a Bola Branca, o atual treinador do Lokomotiv Tashkent, do Usbequistão, perspetiva um grande futuro a Rúben Amorim e explica que o técnico sabe ponderar bem os passos na carreira.
"Se for campeão, acredito que será muito difícil para o Sporting continuar com Rúben Amorim, tenho quase a certeza que vai ter essa oportunidades porque é um grande treinador. Ele é uma pessoa bastante ponderada e sabe os passos que tem de dar, sabia que tinha de agarrar a oportunidade do Sporting e conseguiu", afirma.
Micael Sequeira perspetiva que Rúben Amorim continuará com a subida rápida na carreira até um grande clube europeu: "Acho que com a rapidez que surgiu a possibilidade do Sporting, vai acontecer com a mesma facilidade no fim desta época, com um grande clube europeu a convidar o Rúben".
O treinador, de 36 anos, renovou contrato com os leões até 2024 e disse sentir-se "em casa". "Aumentamos o prazo sabendo que há muito por fazer. Isto é o dia a dia, conta é ganhar o próximo jogo, porque os contratos valem pouco, os resultados têm muita força. Ambas as partes quiseram renovar o contrato, foi uma conversa rápida e amigável", revelou.
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O antigo adjunto de Rúben Amorim no Braga recusa falar em "sorte ou estrelinha" para explicar o sucesso do treinador no Sporting, onde lidera o campeonato com uma vantagem confortável para os restantes candidatos e conquistou mais uma Taça da Liga.
Micael Sequeira percebeu a capacidade de Amorim no final do primeiro treino e fez questão de lhe dizer isso mesmo no segundo dia.
"Muitos questionam ainda e dizem que é sorte e estrelinha, mas não tem nada a ver com isso. Tive a felicidade de trabalhar com ele e apercebi-me no final do primeiro ou segundo dia que estava perante um treinador de enorme futuro e disse isso ao Rúben no final do segundo dia", afirma.
Micael Sequeira conta com a experiência de ter acompanhado treinos e ter trabalhado com alguns dos melhores treinadores do mundo para comparar com Amorim: "Fiz estágios com treinadores como Van Gaal, Alex Ferguson, acompanhei treinos do José Mourinho, Jesualdo Ferreira e outros. Quando conheci o Rúben e o vi a trabalhar, não tive dúvidas".
A capacidade natural de liderança e a comunicação são duas armas fortes de Rúben Amorim enquanto treinador, que permitem criar um grande ambiente nos clubes em torno do técnico.
Micael Sequeira tem um passado intimamente ligado ao Sporting de Braga. Arrancou a carreira no clube em 1997, enquanto observador, e treinou praticamente todos os escalões até à equipa B. Deixou o clube em 2008 para assumir o comando de equipas séniores e regressou para ser adjunto de Amorim, depois de uma passagem pelos sub-21 do Al Nassr, da Arábia Saudita.
"Fui contactado pelo presidente para saber se estaria interessado em trabalhar com ele. Houve uma empatia muito grande logo no primeiro encontro e depois foi só colaborar com ele. Tem um conjunto de fatores que o beneficiam muito, é um líder, tem excelente conhecimento tático e uma excelente equipa técnica. Está muito forte neste momento e é um treinador a quem prevejo um enorme futuro", perspetiva.
Rúben Amorim, de 36 anos, arrancou carreira apenas há três anos e é já treinador do Sporting, tendo sido anunciado a 5 de março de 2020. Micael Sequeira diz que o treinador se preparou muito antes de começar a exercer a função.
"Não é verdade os que pensam que o Rúben apareceu de um dia para o outro. Ele preparou-se muito bem antes de ser treinador. Esteve no Casa Pia, no Braga B com um excelente trabalho e deu seguimento na equipa principal", recorda, em declarações à Renascença.
Depois de apenas 13 jogos na equipa principal do Sporting de Braga, onde alcançou dez vitórias e conquistou um troféu, o Sporting pagou dez milhões de euros para contratar o técnico.
Rúben Amorim representou o grande rival Benfica enquanto jogador e nunca escondeu ser adepto das águias, o que causou desconforto nos adeptos do Sporting inicialmente. Micael Sequeira recorda o difícil processo de saída para Alvalade.
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"Não foi fácil para ele. Estava muito ligado a toda a gente no Braga e tinha a esperança que poderia continuar. Naturalmente a oferta era muito grande e praticamente irrecusável, tratando-se de um clube como o Sporting, histórico e grande, não era fácil recusar. Quando se falou de valores, era impossível recusar a oportunidade. Não foram os termos financeiros que o convenceram a mudar, mas desportivos. Era uma grande oportunidade", afirma.
Micael Sequeira teve oportunidade de seguir para o Sporting com Rúben Amorim, mas optou por ficar "por amor ao clube" e para ser adjunto de Custódio, a pedido do presidente António Salvador.
"Houve a possibilidade, mas sou natural de Braga e o presidente pediu-me para ficar para dar continuidade ao que o Rúben estava a fazer e decidi ficar. A ida para o Sporting era vantajosa em termos financeiros, que pouco conta, mas em termos de oportunidade. Era excelente continuar com o Rúben, mas o amor pelo Braga foi mais forte e acabei por ficar no clube que mais gosto", termina.
Hoje a cerca de seis mil quilómetros de distância que separam Tashkent, no Usbequistão, e Lisboa, Micael Sequeira continua a acompanhar de perto o trabalho de Rúben Amorim, que lidera a I Liga com 58 pontos, mais nove do que o Sporting de Braga e ainda sem qualquer derrota no campeonato em 22 jogos disputados.