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Patti Smith inaugura exposição no MAC CCB e canta “Lisboa Antiga” que o pai adorava

22 mar, 2024 - 16:37 • Maria João Costa

"Evidence" é a exposição que abre sábado ao público, no MAC CCB, em Lisboa, e que junta o trabalho de Patti Smith com os Soundwalk Collective. Até 15 de setembro, o público poderá mergulhar numa exposição que é uma experiência sonora e, ao mesmo tempo, uma viagem pela poesia dos franceses Antonin Artaud, Arthur Rimbaud e René Daumal.

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O cabelo branco vem apanhado em duas tranças. Aos 77 anos, Patti Smith aviva as memórias de infância nesta passagem por Lisboa. No MAC CCB, onde este sábado inaugura a exposição “Evidence”, que criou com os Soundwalk Collective, a cantora e poeta norte-americana lembra uma música que o seu pai cantava chamada “Lisboa Antiga”

Patti Smith não só arriscou dizer o nome em português, por duas vezes, como trauteou a canção que o “pai adorava” e que foi eternizada na voz da fadista Amália Rodrigues.

“Contente e orgulhosa” por estar em Lisboa, Patti Smith lembrou: “Já aqui dei concertos, andei pelas ruas, admirei os candeeiros, os azulejos e já me sentei na mesa de café de Pessoa.” Smith mostra que está muito feliz por estar em Lisboa.

No MAC CCB, depois de ter visitado a exposição “Evidence”, criada para o Centro George Pompidou, em Paris, e que agora chega a Lisboa, mas com algumas alterações, Patti Smith explicou que o seu trabalho com Stephan Crasneanscki nasceu no ar - foi num voo entre de Paris para Nova Iorque que conheceu responsável dos Soundwalk Collective, uma plataforma de artes sonoras contemporâneas.

Patti Smith confessa que não gosta de conversar com ninguém enquanto viaja, mas foi a poesia que a aproximou de Stephan, num encontro que dura até hoje: são “grandes amigos e companheiros de trabalho”.

Smith e Crasneanscki trabalharam num tríptico de álbuns e, mais tarde, nasceu a exposição em que quiseram fazer uma homenagem a três poetas franceses: Antonin Artaud, Arthur Rimbaud e René Daumal.

A esta galeria de poetas somaram a sua arte através do som, da imagem, do desenho e da instalação. Com curadoria de Chloé Siganos e Jean-Max Colard, a exposição propõe ao visitante uma experiência sensorial.

Na apresentação aos jornalistas, Colard fala mesmo numa “experiência espiritual” que é simultaneamente uma “viagem mental e sonora”. Para dar corpo a esta experiência ao visitante, é-lhe entregue um par de auscultadores que lhe permite ouvir um dos “mais de 500 fragmentos de som” que foram gravados para esta mostra.

O visitante é convidado a entrar em duas salas escuras onde, além dos sons ambiente, vai poder ouvir vozes de figuras públicas como os cineastas Abel Ferrara e Werner Herzog, os músicos Brian Eno e Philip Glass ou da compositora de origem indiana Anoushka Shankar.

Na segunda sala, cruzam-se desenhos de Patti Smith, fotografias de viagens, filmes, objetos recolhidos em várias partes do mundo. À poesia de Artaud, Rimbaud e Daumal são associados destinos. México, Etiópia e a Índia são protagonistas nesta exposição que tem como painel central um grande mural construído pelos artistas ao longo do tempo.

Patti Smith diz mesmo que o mural reflete “a viagem de cinco pessoas”, juntando assim o seu trabalho, o de Stephan e o dos três poetas franceses. A cantora explica que “não põe etiquetas nos poetas ou artistas” que adora, mas para si, Arthur Rimbaud foi “desde muito cedo” o seu “guia para a poesia mais moderna. Ele lançou o futuro da poesia”.

Questionada pela Renascença sobre o que espera que o público leve consigo depois de visitar a exposição, Patti Smith recorre às palavras do poeta Daumal que, no final da sua vida, se questionou sobre “o que procuramos”, para afirmar que “cada um pode decidir por si, o que quer com esta exposição”.

“Talvez procurem apenas ver os locais, os filmes, os materiais de outros países; ou talvez um profundo conhecimento destes poetas, ou até algo completamente pessoal”, refere a artista conhecida como "Poetisa do Punk".

Também foi o poeta Daumal que escreveu que “A porta para o invisível deve ser visível” e daí este título “Evidence” que une esta exposição onde, segundo Patti Smith há “beleza no caos”. “Criar espaços é o que todos os artistas devem fazer, mas ao mesmo tempo apurar o sentido para atrair as pessoas para esses espaços de forma que se sintam confortáveis”, disse Smith sobre a exposição.

“Evidence”, que vai estar no MAC CCB até 15 de setembro, coincide com o concerto que Patti Smith dará este sábado no Grande Auditório do CCB, no âmbito do Belém Soundfestival. Para domingo, Smtih tem marcado outro espetáculo - ser á no Theatro Circo, em Braga.

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