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Covid-19: Portugal deve bater na 4.ª feira recorde de doentes em cuidados intensivos, depois vai piorar

26 out, 2020 - 19:32 • Ricardo Vieira

Previsão foi avançada pela ministra da Saúde. Máximo de doentes em cuidados intensivos pode ser ultrapassado nos próximos dias e vai continuar a subir até chegar aos 444 pacientes, em 4 de novembro. Marta Temido fala em "situação grave" e admite recorrer ao setor privado.

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Portugal deve ultrapassar na quarta-feira, 28 de outubro, o máximo de doentes com Covid-19 internados em cuidados intensivos registado na primeira vaga da pandemia. A previsão foi avançada, em conferência de imprensa, pela ministra da Saúde, que alerta para um previsível agravamento da situação nos próximos dias.

Na primeira vaga da pandemia Portugal chegou a ter 271 pessoas infetadas com Covid-19 hospitalizadas nos cuidados intensivos. Esse recorde será na batido esta semana, indica Marta Temido.

"Projeta-se que, a 4 de novembro, estejam internados em enfermaria 2.634 doentes com Covid-19 e 444 em unidades de cuidados intensivos, isto no modelo matemático se as medidas introduzidas não se revelarem efetivas", adiantou a governante. Contas feitas, serão três mil pessoas internadas devido ao novo coronavírus.

A projeção foi realizada com base em estimativas e cálculos do Instituto Ricardo Jorge, em colaboração com DGS e Instituto Superior Técnico. "Os nossos cálculos vão até 4 de novembro, dia que traz um cenário de enorme complexidade", refere a governante.


Marta Temido refere que os dados dos últimos dias mostram um aumento de casos nas faixas etárias entre os 20 e os 39 anos e entre os mais idosos, com mais de 85 anos. "Dada a fragilidade dos indivíduos deste grupo etário, considera-se que esta situação pode levar a um aumento das hospitalizações e mesmo dos óbitos nas próximas semanas", adverte.

A ministra da Saúde atualizou a informação e adiantou que Portugal tem, atualmente, disponíveis 1.802 camas de enfermaria e 318 de cuidados intensivos para doentes Covid-19.

Marta Temido explica que esse número de camas pode aumentar consoante a evolução da pandemia.

A governante considera que a situação é "grave e complexa" e o Serviço Nacional de Saúde (SNS) está preparado para transferir doentes para hospitais privados e do setor social, "quando haja desprogramação de atividade por força de necessidade de resposta à Covid". Na prática, os não-covid-19 que vejam consultas, exames ou cirurgias no SNS serem desmarcados face ao agravamento da pandemia poderão ser encaminhados para os setores privado e social.

A ministra também admite “abranger eventuais novos concelhos com medidas mais restritivas para reduzir número de contactos e ajudar país a controlar novo crescimento da transmissão”.

“Fazer prova de solidariedade com os profissionais de saúde e com o SNS é garantir que cada um faz o possível para evitar a transmissão da Covid-19”, apela Marta Temido.

No início da conferência de imprensa, a ministra da Saúde atualizou ainda os dados referentes ao risco de transmissibilidade do novo coronavírus (RT), que entre 17 e 21 de outubro foi de 1,21.

Nos últimos 14 dias, Portugal registou uma taxa acumulada de 23 óbitos por um milhão de habitantes e a taxe de incidência no mesmo período foi 323 novos casos por cem mil habitantes, situando-se agora nos 187,4 novos casos por cem mil habitantes.

Foram registados mais 2.447 casos e 27 mortes por Covid-19 em Portugal nas últimas 24 horas, avança o boletim epidemiológico desta segunda-feira da Direção-Geral da Saúde (DGS).

Desde a chegada da pandemia, Portugal tem um total de 2.343 óbitos e 121.133 infeções pelo novo coronavírus.


Esta segunda-feira há mais 98 pessoas com Covid-19 internadas nos hospitais portugueses, num total de 1.672 pacientes.

Em unidades de cuidados intensivos estão 240 doentes, um aumento de dez em comparação com o dia anterior.

A diretora-geral da Saúde avisou esta segunda-feira que o contacto próximo com membros da família que não coabitam na mesma residência é um risco tão grande como o contacto com estranhos.

Durante a conferência de imprensa diária da DGS, Graça Freitas referiu que a cultura de maior convívio familiar e de amizade que se sente no norte do país pode explicar a maior incidência de casos de Covid naquela região.

A responsável também explicou que o perfil dos doentes com Covid-19 mudou da primeira para a atual vaga.

"Temos uma grande percentagem de doentes que são adultos jovens", explicou, especificando depois que é na na faixa etária entre os 20 e os 59 anos que se registam a maior parte dos casos, segundo os dados da semana passada.

Já no caso das crianças, Graça Freitas destacou que "as crianças muito pequenas têm apresentado taxas de incidências muito baixas". Na semana de 19 a 25 de Outubro, apenas 4% dos casos foram de crianças entre os zero e os nove anos, uma faixa etária em que os dados indicam que a doença "não se propaga tão facilmente". "É uma boa notícia", acrescentou.

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