17 set, 2020 - 13:35 • Eduardo Soares da Silva
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Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica, retirou António Costa, Fernando Medina e todos os titulares de cargos públicos da comissão de honra da sua candidatura à presidência do clube.
"Tomei a iniciativa de retirar da minha comissão de honra todos os titulares de cargos públicos, sejam autarcas, deputados ou membros do Governo. É triste que, 46 anos depois do 25 de abril, se tenha de censurar quem livremente decidiu manifestar-me o seu apoio, mas o populismo e a demagogia dos dias de hoje obrigam-me a fazê-lo de forma a terminar com uma polémica injustificada e profundamente hipócrita", pode ler-se no comunicado.
O presidente das águias manteve-se em silêncio depois da polémica em torno do apoio do primeiro-ministro e presidente da Câmara Municipal de Lisboa à sua candidatura à presidência do Benfica. Vieira considera ter assistido "a uma das campanhas mais hipócritas e demagógicas" que tem memória.
"Vivemos tempos em que a justiça passou a ser feita no Facebook, nas redes sociais e nos media. Tempos em que os juízes foram substituídos por jornalistas e comentadores que, num registo de excessos, sem conhecimento dos factos, mas com a cumplicidade de quem os vai parcialmente alimentando com o único objetivo de contaminar a perceção pública, vão minando o espaço mediático", continua.
Vieira recorda que António Costa e Fernando Medina já tinham apoiado a sua candidatura nas eleições de 2012 e 2016, sem o mesmo efeito mediático.
"António Costa, Fernando Medina e muitos outros foram atacados de forma incompreensível e torpe, não pelo apoio que enquanto sócios do Benfica entenderam dar-me, como já o tinham feito em 2012 e 2016 sem que se tenha assistido a qualquer tipo de alarido, mas, precisamente, pela perceção pública que, de forma concertada, os media foram ‘construindo’, deturpando e usando como catalisador de uma campanha populista de difamação", prossegue.
H. Raposo
No regresso presencial dos comentadores da Renasce(...)
Luís Filipe Vieira reiterou o que já tinha dito no passado. Caso seja condenado em algum dos casos em que está a ser julgado, demite-se da presidência do Benfica.
"Repito o que já disse, estou de consciência tranquila e, se for condenado, no futuro, em algum dos processos de que nestes dias tanto se fala, serei o primeiro a tomar a iniciativa, saindo pelo meu pé da presidência do Benfica", disse.
O presidente das águias lamenta que, no seu entendimento, as eleições do Benfica e a sua candidatura se tenha tornado em alvo de "lutas políticas", que não estão relacionadas com o clube.
"A presença numa comissão de honra esgota-se aí, não se prolonga para lá da eleição. Foi assim no passado e seria também assim nesta janela eleitoral. Não posso permitir que instrumentalizem o Benfica e a minha comissão de honra em lutas políticas que nada têm que ver com o clube a que presido e a cuja presidência serei recandidato. Não posso tolerar que este clima difamatório se prolongue, nem que seja aproveitado para atacar de forma indevida o carácter e a seriedade de quem se limitou a expressar-me, enquanto sócio, o seu apoio", termina.
Para além de Costa e Medina, são mais de 500 os nomes que constituem a comissão de honra da recandidatura de Luís Filipe Vieira à presidência do Benfica.
Luís Filipe Vieira poderá ser acusado em breve do crime de recebimento indevido de vantagem por alegadamente prometer cargos no Benfica ao ex-juíz desembargador Rui Rangel, no âmbito do processo conhecido como Operação Lex, cuja acusação deverá ser conhecida por estes dias.
Esta semana, Luís Filipe Vieira viu o seu nome ser citado por dois jornais, como estando envolvido com a construtora Oderbrecht, condenada no Brasil por corrupção.