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I Liga

Luís Lima prevê "maior probabilidade" de lesões nos jogadores

21 mai, 2020 - 14:00

O especialista em Medicina Desportiva, que colabora com a FPF, diz que os atletas perderam capacidade física e que o regresso sem pré-época deixa-os mais frágeis.

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Luís Lima, médico de Medicina Desportiva, considera que o regresso à competição pode provocar mais lesões nos futebolistas, porque o treino, até 4 de junho, está longe do que seria habitual numa pré-época.

Em declarações a Bola Branca, Luís Lima salienta que "a principal diferença entre o início de uma época e este retorno à competição é que não houve pré-época", o que "vai ter duas implicações".

"A 'perfomance' vai ser menor, pela perda de capacidade física que aconteceu nas últimas semanas, porque os atletas treinaram com menor intensidade. Treinaram em casa, fizeram exercícios fora do contexto de equipa e com isso perderam capacidade física. Os jogadores vão conseguir fazer menos 'sprints', vão demorar mais tempo a recuperar entre 'sprints', vão ficar mais cansados, o que afetará o seu rendimento. Para além disso, vai refletir-se no número de lesões. Se eu perdi capacidade de realizar 'sprints', significa que vou atingir o meu limite mais cedo e ao atingir o limite mais cedo, há uma maior probabilidade de ter lesões. Há aqui uma associação entre fadiga e lesões”, aponta.

O médico de Medicina Desportiva, que colabora com a Federação Portuguesa de Futebol, é, também, especialista em recuperação desportiva e antevê maior trabalho dos departamentos clínicos dos clubes, mas também das equipas técnicas, para protegerem os jogadores.

“Aparentemente, vamos ter um aumento de lesões. Significa que, na recuperação de atletas, o trabalho vai ser redobrado. Há um trabalho muito importante a fazer de recuperação da condição física, por parte da equipa técnica e do fisiologista do exercício, porque a relação de cargas aguda e crónica é muito importante que seja bem orientada e progressiva”, considera o especialista em Medicina Desportiva.

Fator psicológico será decisivo


O médico frisa que "os fatores de cada atleta influenciam o risco de lesão", pelo que o fator mental será fundamental, neste regresso. Luís Lima frisa que "um atleta com menor resiliência mental para resistir e para ultrapassar as dificuldades pode ter um risco aumentado de lesão", o que "deve ser identificado e abordado pelos psicólogos do desporto":

“Por exemplo, se um atleta que está a voltar de lesão tiver receio e não estiver confiante nesse retorno, após um período de lesão, sabemos que isso é um fator de risco para ter uma nova lesão, ou ter uma recorrência da lesão anterior. Agora os atletas não estão a vir de uma recuperação de uma lesão, estão a vir de uma situação de confinamento, de isolamento social e eventualmente de uma situação económica menos favorável."

O campeonato regressa a 4 de junho, com algumas semanas em que haverá jogos todos os dias. Há 10 estádios aprovados para receber os 90 jogos que faltam, mais cinco que ainda podem ser "repescados".

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