28 fev, 2020 - 17:33 • Filipe d'Avillez
Donald Trump e o Presidente Erdogan, da Turquia, conversaram esta sexta-feira ao telefone e concordaram que é preciso tomar medidas para evitar uma tragédia humanitária em Idlib, no noroeste da Síria.
A região é a última bolsa de território ainda em mãos de rebeldes que travam uma guerra civil contra o regime desde 2011. Ao longo dos últimos anos, vários grupos rebeldes foram sendo relocalizados para Idlib, em acordos mediados pela Turquia, que tem apoiado e financiado os combatentes, muitos dos quais são de inspiração jihadista.
Decorre atualmente uma ofensiva por parte das forças sírias, com o apoio de militares russos, para recuperar Idlib, que tem causado uma crise humanitária na região, causando muitas vítimas civis e levando centenas de milhares de pessoas a fugir para a Turquia.
Erdogan tem insistido em apoiar os rebeldes e enviou mesmo as suas próprias forças para Idlib, prometendo retaliar se as forças leais a Assad continuarem a sua ofensiva. Até agora não tem sido possível chegar a um consenso para travar as hostilidades e na quinta-feira 33 soldados turcos morreram num ataque sírio, o que levou Erdogan a abrir as fronteiras para deixar passar migrantes e refugiados para a União Europeia.
Dado o êxodo de civis que a nova ofensiva do regime sírio está a provocar, a Turquia anunciou entretanto a sua intenção de deixar de impedir a entrada de migrantes no território da União Europeia.
Ao início desta madrugada, milhares de migrantes aguardavam na fronteira para poderem entrar no espaço europeu. Face à situação, a Grécia e a Bulgária anunciaram o reforço do controlo fronteiriço.
António Guterres, secretário-geral da ONU, fez esta sexta-feira um pedido para que se chegue a uma trégua em Idlib "antes que a situação fique totalmente descontrolada".
Descrevendo a atual crise como "um dos momentos mais alarmantes da guerra", Guterres disse que "em todos os meus contactos com os envolvidos tenho repetido uma simples mensagem: afastem-se do precipício de maior escalada".