21 fev, 2020 - 14:46 • Redação
Pedro Proença estaria disposto a demitir-se do cargo de presidente da Liga, se isso resolvesse o problema do racismo no futebol português. Contudo, duvida que esse seja o caso. Em vez disso, o líder do organismo que tutela as competições profissionais salienta que cabe ao Governo agravar as medidas contra os vários tipos de violência no desporto.
O presidente da Liga Portugal deu uma entrevista à SIC, esta sexta-feira. Questionado se poderia avançar com a demissão para exercer pressão na luta contra o racismo, Proença salientou que o tema "não se coloca, nem se pode colocar sob essa perspetiva" e desviou o foco para a lei.
"A minha demissão não será medida de pressão, de alguma forma. Se pudesse resolver este tema, com certeza que o poderia fazer. Temos uma lei da violência e do racismo que precisa de ser muito mais agravada. Os clubes têm incapacidade de resolver. Os adeptos são penalizados e há adeptos que não podem ter acessos aos recintos desportivos. Qualquer adepto, se estiver a cumprir uma pena deste tipo, pode chegar ao estádio e adquirir o bilhete", assinalou o antigo árbitro.
A questão surgiu a propósito do "caso Marega". No passado domingo, o jogador do FC Porto deixou o relvado ao minuto 71 da visita ao Vitória de Guimarães, devido aos insultos racistas de que estava a ser alvo.
Pedro Proença considera que todos devem estar "envergonhados com o que aconteceu", contudo, apontou que "esta não é uma realidade que acontece só no futebol". Embora reconheça que este "foi um ato de racismo" e que o caso poderá, inclusive, ter um enquadramento penal, o presidente da Liga também concorda com o presidente do FC Porto, Pinto da Costa, para quem "mais do que racismo, foi uma estupidez".
Proença enquadra, no entanto, de forma diferente: "Eu digo que qualquer ato de violência, racismo e xenofobia é um ato de estupidez."
O presidente da Liga deixou, ainda, uma mensagem a Marega, com uma promessa: "Deixo uma palavra de 'fair-play', que [Marega] perceba que o desporto em Portugal não é isto e que vou levar este processo até às últimas consequências", garantiu, na mesma entrevista à SIC.
A Liga anunciou, na quinta-feira, o lançamento de uma campanha de combate ao racismo, à violência, à xenofobia e à intolerância, para prevenir situações como a que aconteceu em Guimarães.
"NÃO" é o nome da campanha, que arranca esta sexta-feira, nos jogos entre Desportivo das Aves e Vitória de Guimarães, da I Liga, e entre Vilafranquense e Farense, do segundo escalão. Os árbitros e jogadores vão envergar uma camisola alusiva à campanha, numa ação complementada com uma troca de galhardetes entre os capitães.
Ação da Liga é também de combate à violência, à xe(...)