16 set, 2019 - 13:56 • Ana Lisboa
Está a decorrer até ao próximo domingo na Universidade Lusófona, em Lisboa, uma pós-graduação em Ciências da Paz.
A ideia para o curso “surgiu de um trabalho já longo" que a instituição tem estado a desenvolver, "muito ligado ao diálogo inter-religioso, muito ligado ao trazer para as questões da cidadania uma postura de diálogo que, no fundo, é um instrumento de paz", explica à Renascença Paulo Mendes Pinto, um dos coordenadores deste curso. A par disso, surge "também em resposta a um apelo mais recente que vários líderes mundiais têm feito, vários dirigentes religiosos têm feito, mas fundamentalmente o Papa Francisco, que recentemente tem apelado para que as universidades desenvolvam estudos pós-graduados em torno da paz.”
Para o responsável, “apesar de sermos uma universidade que não tem qualquer linha confessional, achamos que era nosso dever cívico contribuir e dar o nosso pequeno contributo, formulando um curso”.
Ao ter conhecimento desta pós-graduação, o Papa saudou esta iniciativa através de uma carta enviada pela Secretaria de Estado do Vaticano em que se pode ler a seguinte mensagem: “As mais copiosas bênçãos do céu sobre docentes e discentes do curso de pós-graduação em Ciências da Paz e sobre toda a comunidade académica da Universidade Lusófona.”
O curso intensivo de uma semana propõe dar “uma visão integrada do que é a paz”, para que os alunos “possam ir ali buscar competências e, portanto, teremos um olhar em torno da ecologia, da responsabilidade, da ética", bem como "um olhar sobre a sociedade e sobre o desenvolvimento", adianta Paulo Mendes Pinto.
"É impossível haver paz sem um desenvolvimento sustentável. Teremos também um olhar sobre a conflituosidade. Iremos também trabalhar com as comunidades religiosas, nós não podemos pensar numa paz global sem ter uma paz entre as religiões. Teremos uma dimensão do diálogo com as religiões, de visita aos espaços religiosos, de contacto com os líderes religiosos. E teremos depois também aquilo que nós chamamos o modo português do diálogo, que é um olhar para o caso concreto português, em que temos desde o universo das operações de paz em que o Estado português está presente há várias dezenas de anos, até à situação do diálogo, do convívio são entre comunidades religiosas, que é uma situação única e ímpar”.
Este curso pretende, assim, “fomentar muito uma reflexão sobre questões práticas, sobre o desenvolver de projetos para a paz, na medida em que esta pós-graduação terá uma avaliação final que consiste no elaborar de um pequeno projeto”.
Pretende-se que os alunos “fiquem com ferramentas para poderem dialogar, para poderem criar situações em que possam ser ponte, (…) possam ser aquele elemento que consegue perceber a realidade dentro da sua complexidade e, portanto, possam ser um instrumento útil e hábil para um diálogo que tanto pode ser político, como pode ser religioso”.
A finalidade é formar pessoas com competências para trabalharem em cenários de conflito, na promoção do bem comum e serem mediadores em diferentes contextos.
Os destinatários são, por exemplo, pessoas que trabalham em organizações não governamentais, voluntários, membros de comunidades religiosas, movimentos e grupos de inspiração cristã, entre muitos outros.
O curso teve uma grande adesão, pelo que a Universidade Lusófona já está a planear realizar um outro nos próximos meses.