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​Comissão Europeia

Von der Leyen critica ligações da extrema-direita europeia a Putin

29 abr, 2024 - 23:52 • Ricardo Vieira, com Reuters e Lusa

Acusação foi lançada durante um debate em entre os principais candidatos às eleições europeias de junho deste ano. Atual presidente da Comissão Europeia e candidata pelo PPE não exclui colaborar com o ECR, grupo que integra partidos como os espanhóis do Vox, os polacos do PiS, os Irmãos de Itália e os franceses da Reconquista.

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A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, criticou esta segunda-feira os "proxies de Putin" e as ligações da extrema-direita europeia ao regime do Presidente russo.

A acusação foi lançada durante um debate em Maastricht, nos Países Baixos, entre os principais candidatos às eleições europeias de junho deste ano.

O partido de extrema-direita, Alternativa para a Alemanha (AfD) foi um dos visados por Ursula von der Leyen.

“Quando vejo o que os seus colegas da AfD, os principais candidatos, fizeram, eles estão sob investigação por estarem no bolso do (Presidente russo Vladimir) Putin”, declarou a candidata do Partido Popular Europeu (PPE).

Ursula von der Leyen respondia ao dinamarquês Anders Vistisen, do bloco Identidade e Democracia (ID), de extrema-direita, numa referência à detenção de um assessor do candidato da AfD, Maximilian Krah, por suspeitas de espionagem.

No debate organizado pelo jornal Politico e pelo Studio Europa Maastricht, um centro de especialização para o debate e a investigação relacionados com a Europa, Anders Vistisen acusou Leyen de apoiar a Ucrânia na guerra contra a Ucrânia apenas para conquistar mais poder.

“Se olharmos para o programa eleitoral (da extrema direita), veremos que ele ecoa as mentiras e a propaganda do Kremlin. Então limpe sua casa antes de nos criticar”, disse a atual presidente da Comissão Europeia.

Os partidos nacionalistas e anti-imigração tencionam unir esforços nas eleições europeias deste ano, através da criação de um bloco para condicionar as políticas no Parlamento Europeu.

Ursula von der Leyen rejeita trabalhar com a Afd, que integra o grupo ID no Parlamento Europeu, mas não exclui colaborar com o ECR, grupo que pode ter a quarta maior bancada no próximo Parlamento Europeu, e que integra partidos como os espanhóis do Vox, os polacos do PiS, os Irmãos de Itália e os franceses da Reconquista.

"Depende muito da composição do Parlamento e de quem está em cada grupo", limitou-se a responder a candidata do PPE, suscitando surpresa por parte do candidato dos Socialistas Europeus, Nicolas Schmit; e do candidato dos Verdes, Bas Eickhout.

“Fiquei um pouco estupefacto com a sua resposta de que depende da composição do Parlamento. Isso é algo um pouco estranho, porque valores e direitos não podem ser divididos de acordo com certos 'arranjos' políticos. Ou é capaz de lidar com a extrema-direita, porque precisa deles, ou diz claramente que não há acordo possível, pois eles não respeitam os direitos fundamentais pelos quais a nossa Comissão lutou [...] Isso deve ser clarificado", declarou então Schmit, não tendo Von der Leyen regressado a esta questão.

A eventual colaboração entre o PPE e o ECR, como sucede já nalguns casos nacionais ou regionais - nomeadamente ao nível local em Espanha, entre o PP e o Vox -, 'ameaça' assim tornar-se um dos temas quentes da campanha até às eleições europeias agendadas para o período entre 6 e 9 de junho, que, de acordo com a generalidade das sondagens, deverão ditar uma subida vincada da extrema-direita e o seu 'peso' no futuro Parlamento Europeu.

Hoje presente em representação da extrema-direita no debate de Maastricht esteve o 'spitzenkandidaten' do ID, Anders Vistisen, que suscitou as trocas de palavras mais 'acesas', tendo acusado Bruxelas de ser "um pântano" cheio de "elites", que querem trazer mais migrantes para a União Europeia (UE), que usa a guerra na Ucrânia para aprofundar a integração europeia e abolir a regra da unanimidade na política externa, e que é corrupta, apontando o caso da compra de vacinas à Pfizer por Von der Leyen e o escândalo 'Qatargate' que atingiu a bancada socialista no Parlamento.

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