11 ago, 2017 - 18:15
Outras partes da entrevista a David Elleray:
Com a introdução do vídeo-árbitro no futebol português, e não só, surgem diversas questões fundamentais. Como é que funciona? Quem opera? Quando e por que razões intervém no jogo?
As primeiras duas perguntas já têm resposta: o vídeo-árbitro é operado, como o nome diz, por árbitros, por via do acesso às câmaras. No fundo, há um árbitro em campo e outro a "ver televisão".
Fica, portanto, a dúvida: quando e por que razões intervém o vídeo-árbitro no jogo? Mais acerdatamente, a que propósito? David Elleray, director técnico do International Board (IFAB), que introduziu a tecnologia nos relvados nacionais, responde, em entrevista a Bola Branca.
"As únicas situações em que o vídeo-árbitro pode ajudar o árbitro é em penáltis, golos, vermelhos directos e má identificação dos jogadores. São, portanto, três situações de jogo e uma administrativa", explica.
Aconselhar ou não aconselhar?
O nome técnico da tecnologia, "video assistant referee" (vídeo-árbitro assistente), VAR na sigla inglesa, diz tudo. O vídeo-árbitro não mais é que um assistente e apenas entra em acção quando necessário.
A FIFA "parte" a acção do vídeo-árbitro em três fases: o incidente ocorre, o VAR revê e aconselha, o árbitro toma uma decisão. Nessa tomada de decisão, há duas opções: o árbitro aceita o conselho do vídeo-árbitro ou decide rever as imagens por si mesmo.
"Mas uma coisa importante a sublinhar é que o vídeo-árbitro só actua se o árbitro cometer um erro claro ou quando algo grave for ignorado", ressalva David Elleray, dando um exemplo.
"Se um árbitro assinalar um penálti, será penálti, a não ser que as imagens mostrem que é claramente um erro. Se gerar dúvidas, mesmo que possa parecer que poderia não ser assinalado, se não houver a certeza clara de que o árbitro errou, então a decisão dele irá prevalecer", afirma.
Aliás, na opinião do antigo árbitro inglês, "se o vídeo-árbitro estivesse a analisar todos os casos duvidosos", o jogo teria de ser parado "demasiadas vezes". Ou seja, o vídeo-árbitro só intervém quando existe um erro claro.
Alargar o raio de acção do VAR?
Uma das grandes preocupações em relação ao vídeo-árbitro é o tempo que demora a agir. Daí que continue concentrado em acções-chave.
"Temos dados que nos dizem que, neste momento, as pessoas estão contentes que o vídeo-árbitro seja utilizado apenas em erros graves e desta forma manteremos o ritmo do jogo", explica Elleray.
Não fará, portanto, sentido aplicar o vídeo-árbitro em lances que não definam jogos (ou no caso da má identificação de jogadores):
"Quantas mais situações acrescentarmos, mais vezes o jogo será interrompido e isso não vai beneficiar o futebol."