04 abr, 2017 - 10:25 • Vídeos: Bárbara Afonso e Teresa Abecasis
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O primeiro-ministro, António Costa, faz um balanço positivo da acção do Governo no sistema financeiro. “Há um ano, estávamos numa situação muito grave. Ao longo deste ano, fomos melhorando”, afirmou esta terça-feira, em entrevista à Renascença.
Questionado sobre a solução encontrada para o Novo Banco, o primeiro-ministro afirmou: "Não vivemos na Alice no País das Maravilhas. Nós vivemos num quadro de um sistema financeiro que estava, há um ano, numa situação dramática, com o Millennium [BCP], o BPI, a Caixa Geral de Depósitos, o Novo Banco... Todos.."
“Os problemas deixaram de ser escondidos”, argumenta, numa crítica ao anterior Governo.
"Hoje, temos o BPI com o seu problema accionista ultrapassado, temos o Novo Banco vendido e em condições de arrancar, temos a Caixa Geral de Depósitos 100% capitalizada e integralmente pública, temos o Millenium devidamente capitalizado. Há agora um problema ainda a resolver no quadro do Montepio", enumerou.
António Costa garante que não irá nascer um banco mau para resolver o problema do crédito malparado que existe no sistema financeiro em Portugal.
Só há razões para sair do PDE
Para Costa, não há “nenhuma razão” para que Portugal não saia do Procedimento por Défice Excessivo. “Só vejo razões para sairmos”, disse. E elencou algumas: um défice abaixo dos 3% em 2016, um défice abaixo dos 1,6% em 2017 (previsão do Governo), uma Caixa Geral de Depósitos recapitalizada à luz das regras de mercado.
A recapitalização da Caixa tem sido um dos principais riscos apontados à manutenção de um défice abaixo dos 3% em 2017. Costa acredita que a Comissão Europeia não vai contabilizar o esforço financeiro público na Caixa nas contas do défice, visto que a recapitalização foi feita sem que seja considerada ajuda estatal.
“Não deverá ser considerado para défice. Mesmo que seja, ficaremos muito próximos dos 3,1%. É uma medida claramente de natureza excepcional, que visa o reforço do sistema financeiro”, diz. Costa vai mais longe: Bruxelas deveria encarar a recapitalização da Caixa como "reforma estrutural” porque “resolve um terço do problema do crédito malparado”.
Para Costa, a “confiança” tem estado a subir porque os portugueses “voltaram a acreditar no país. Claro que sabem que não é um país cor-de-rosa.”
"E sabem que os problemas deixaram de ser escondidos e passaram a ser assumidos. Se hoje temos menos problemas no sistema financeiro é porque no ano passado passamos a ter um discurso de verdade sobre os sistema financeiro em vez de continuar a esconder", afirmou.