24 fev, 2016 - 06:30 • Maria João Costa
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A celebrar 35 anos de existência, a ARCO – Feira de Arte de Madrid cruza, pela primeira vez, a fronteira espanhola e apresenta uma edição em Lisboa. Será só em Maio.
Mas já esta quarta-feira, até domingo, a ARCO abre portas em Madrid, com a presença de 11 galerias portuguesas. A Renascença entrevistou o director da ARCO, Carlos Urroz.
Como é a relação dos artistas portugueses com a ARCO?
Desde o início que os artistas portugueses acompanharam a ARCO e este ano , além de estarem presentes nas galerias do programa geral, estão também na secção do aniversário dos 35 anos, nas galerias jovens - no “Openning” - e também noutros stands de outras galerias. É uma contribuição importante a dos artistas portugueses na ARCO Madrid.
A presença portuguesa faz-se também nos debates e vão homenagear também um coleccionador português.
Efectivamente. Fazemos uma revisão do coleccionismo em Portugal, numa mesa redonda dirigida por Miguel Von Haffe, com Jorge Gaspar e Armando Cabral. Mas também vamos dar um prémio pelo seu trabalho a António Cachola, que tem a sua colecção exposta em Elvas e que nos acompanhou em muitas edições da ARCO.
Como é o coleccionismo português?
São fantásticos. São grandes apaixonados da arte, muitos deles têm a colecção depositada em sítios públicos, como o Cachola ou o Berardo; ou fazem os seus próprios projectos como na Fundação Leal Rios ou outras fundações. A verdade é que são grandes mecenas e grandes apoiantes dos artistas.
Trinta e cinco anos de ARCO são também 35 anos de arte contemporânea?
Efectivamente. Nesta secção dos 35 anos será como um resumo dos últimos anos da arte. Haverá desde linguagem pictórica, à performance, temas mais minimais. Verá um pouco o que é o encontro entre artistas de diferentes gerações que estão nesta secção dos 35 anos.
Será a primeira vez em que a ARCO não tem um país convidado?
É a primeira vez desde 1984.
De que forma vão assinalar os 35 anos também na cidade de Madrid?
Além das óptimas exposições que estão em todos os museus e centros de arte e que coincidem com a ARCO, este ano temos um projecto especial que se chama Ano 35, comissariado por Javier Antoria, em que colocamos pequenas intervenções de arte contemporânea em espaços pouco habituais, como o Museu do Romantismo, o Museu Arqueológico, o Museu de Antropologia, a Casa da Moeda e será muito divertido descobrir estas intervenções em sítios onde habitualmente não vamos.
Como é o dia-a-dia do director da ARCO, durante a ARCO?
Receber a comunicação social, estar com as galerias, receber os convidados, fazer com que toda esta gente que está dentro da ARCO se conheça e interaja. É do que se trata. Que o coleccionador compre, os galeristas vendam, os críticos se interessem pelos artistas e que haja um intercâmbio de conhecimento que é o que fomentamos na ARCO.
A ARCO está sempre muito atenta a Portugal e este ano leva a ARCO a Lisboa. Lisboa está na moda?
Lisboa é a nova Berlim com muitos artistas instalados na cidade, com projectos alternativos. Há uma cena artística muito interessante que queremos pôr de pé com a ARCO Lisboa.
Como será e quando será a ARCO Lisboa?
A ARCO Lisboa será de 26 a 29 de Maio, no edifício da Cordoaria Nacional. Será uma feira pequena, com 40 galerias, onde se descobrirá desde artistas consagrados até aos artistas mais jovens, mas sempre com o critério da qualidade.
Quando falamos da ARCO nos últimos anos, falamos da crise económica. A ARCO continua a ser um negócio de arte?
Sim, a ARCO tem de ser um grande negócio para as galerias. Trabalhamos nisso todo o ano. Convidamos coleccionadores, temos iniciativas como o "First Collectors", temos um grupo de coleccionadores jovens que vêm e estamos todos os dias a pensar como gerar mais negócio para as galerias, sobretudo agora que os tempos económicos melhoraram. Ver esta gente com capacidade aquisitiva, espero que se animem e comprem.
Até que ponto aquilo que a Europa está a viver com os refugiados está presente este ano na ARCO ?
Há muitos artistas que tratam do tema dos refugiados, desde a exposição de Miroslav Balka, na Galeria Juana de Aizpuru, que é muito subtil, até gente que o trata de uma forma mais directa. São os artistas que nos fazem ver muitas vezes com olhos novos problemas que os meios não nos mostram. A verdade é que é uma catástrofe em que todos devemos colaborar.