Ucrânia

Um comediante num bunker ucraniano. “As pessoas precisam do humor para digerirem o que está a acontecer”

21 mar, 2022 - 12:05 • José Pedro Frazão (reportagem) , Sofia Freitas Moreira (edição)

Passando a fachada de um edifício cor de salmão no centro de Lviv, descobre-se um centro cultural alternativo, gerido por um estúdio de fotografia, agora transformado em abrigo temporário de deslocados da guerra. Nas oficinas do piso inferior, um voluntário transforma madeira doada em camas improvisadas. No piso de cima, pequenas famílias ocupam o espaço por alguns dias, com muitas mulheres e crianças espalhadas pelo centro. Numa das camas, uma das jovens que acabam de chegar trata do refugiado mais pequeno do complexo. Um bebé de três semanas nascido em Kharkiv vive agora neste abrigo provisório em Lviv. Tudo mudou na vida desta gente, quase tanto como na rotina deste espaço, carregado de comida e medicamentos para qualquer eventualidade. Numa sala de ensaios de ballet, os deslocados de guerra dormem em colchões dispostos frente à parede de espelhos. No palco onde actuou há dias, o comediante Alexander Zas tem agora a sua cama. De Odessa para Kiev e de Kiev para Lviv, o humor em stand up serve para levantar a moral de quem fugiu da guerra ao pé de casa. Tudo serve para manter a cabeça erguida, mesmo quando esta se tem que baixar face ao perigo de bombas transviadas.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.