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Governo avisa administração da Santa Casa que incorre em crime se abandonar funções

03 mai, 2024 - 18:26 • Lusa

Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social quer "evitar um vazio na gestão quotidiana da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa" após a exoneração da mesa liderada por Ana Jorge.

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O Ministério do Trabalho avisou a administração exonerada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa para se manter em funções, sob pena de incorrer num crime de abandono de funções públicas, através de um despacho enviado na quinta-feira.

"Por razões de interesse público e de funcionamento das instituições, a interpretação de que os membros da Mesa devem manter-se em gestão corrente carecia de ser explicada", disse esta sexta-feira à agência Lusa fonte do Ministério, justificando o envio de um despacho de aclaração para a SCML, no dia 2 de maio.

A mesma fonte explicou que este dever de manter funções decorre dos estatutos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e do princípio constitucional da continuidade dos serviços de natureza ou com fins públicos.

Acrescentou que houve necessidade de "garantir uma transmissão de poderes adequada e salvaguardar o funcionamento das instituições".

Salientou, por outro lado, que o incumprimento deste dever "consubstancia um crime de abandono de funções públicas", tal como previsto no Código Penal.

"O Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social [decidiu] enviar uma nota explicativa de forma a evitar um vazio na gestão quotidiana da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa até serem nomeados os novos membros", disse a mesma fonte.

A provedora Ana Jorge e os restantes membros da Mesa foram exonerados "com efeitos imediatos" em 30 de abril, através da publicação em Diário da República de um despacho que justificava a decisão com "atuações gravemente negligentes" que afetaram a gestão da instituição.

No mesmo dia, o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSSS) esclarecia à Lusa que, apesar de a exoneração ter efeitos imediatos, a provedora e a restante equipa ficariam "no exercício das funções de gestão corrente" até à nomeação de nova equipa.

A exoneração da provedora Ana Jorge e dos restantes cinco elementos da Mesa provocou um coro de criticas, nomeadamente por parte dos vários partidos com assento parlamentar, que fizeram aprovar uma série de audições, com caráter de urgência, a pedir explicações sobre o que se tem vindo a passar na instituição.

No próprio dia da exoneração, em 30 de abril, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, rejeitou qualquer saneamento político e alertou para "a situação dificílima" da SCML.

Posteriormente, já em 2 de maio, o ministro da Presidência, Leitão Amaro, repetia a ideia de não ter havido saneamento político e defendia que os portugueses "não perdoariam" uma inação do Governo face à degradação da instituição.

António Leitão Amaro lembrou que a direção exonerada esta semana estava em funções há cerca de um ano, sem que fosse conhecido um "plano de reestruturação" ou "medidas decisivas para inverter a situação de degradação financeira na Santa Casa".

Ana Jorge tomou posse em 02 de maio de 2023, escolhida pelo anterior Governo socialista de António Costa, e herdou uma instituição com graves dificuldades financeiras, depois dos anos de pandemia e de um processo de internacionalização dos jogos sociais, levado a cabo pela administração do provedor Edmundo Martinho, que poderá ter causado prejuízos na ordem dos 50 milhões de euros.

Depois da sua exoneração, a provedora escreveu uma carta a todos os trabalhadores da SCML, na qual acusava o Governo de a ter exonerado de "forma rude, sobranceira e caluniosa" e que foi apanhada de surpresa.

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  • Luiz
    05 mai, 2024 SANTO ANTÓNIO DOS CAVALEIROS 14:45
    A especialidade deste desgoverno, demitem, difamam, ameaçam desfazem o que de bom foi feito e mais nada tem a acrescentar!
  • Joaquim Correto
    04 mai, 2024 Paços 17:21
    Quer dizer, primeiro demite-os e agora não quer que eles saiam???
  • António dos Santos
    04 mai, 2024 Coimbra 13:24
    Mais uma acha para vermos a incompetência deste pseudo governo. É pura estupidez demitir uma administração, sem qualquer razão a não ser arranjar lugar para os amigos do partido (parasitas) e não ter já uma administração pronta. Se a actual administração demitida não serve para continuar, também não serve para manter em funcionamento. Assim a "iluminada" ministra que trabalhe e não ande a passear à custa do orçamento.

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