A+ / A-

Amnistia Internacional

Execuções por pena de morte aumentaram 53%. É o número mais alto em cinco anos

16 mai, 2023 - 01:01 • Pedro Mesquita , João Malheiro

Não há números claros em relação à China, mas projeta-se que tenham sido executados mais de mil pessoas no ano passado. Houve seis países que aboliram total ou parcialmente a pena de morte, em 2022.

A+ / A-
Paulo Fontes, diretor de campanha da Amnistia Internacional sobre execuções por pena de morte em 2022
Ouça a entrevista

Em 2022, a Amnistia Internacional registou 883 execuções por pena de morte, em 20 países, traduzindo-se num aumento de 53%, em relação a 2021.

É o maior número de execuções, nos últimos cinco anos, segundo explica à Renascença o diretor de campanhas da Aministia Internacional, em Portugal.

Paulo Fontes refere que "não há uma única explicação" para este aumento, mas aponta a "influência dos hiatos e das paragens que foram feitas durante a pandemia e dos países que tiveram os seus sistemas judiciais parados durante esse tempo".

O especialista esclarece, também, que as 883 execuções não contam as que foram feitas na China, no ano passado. A Amnistia Internacional estima que, no país liderado por Xi Jinping, tenham sido feitas mais de mil execuções.

"China continuou a ser o principal país executor do mundo, e já o foi noutros anos, mas a verdadeira extensão do uso da pena de morte na China permanece desconhecida. Estes dados estão classificados como segredo de Estado", indica.

O Irão é outro país com um elevado número de execuções: 576 pessoas. É um aumento de 83% de execuções, neste país.

Paulo Fontes afirma que se tratam, em grande parte, de penas de morte por "assassinatos e crimes relacionados com drogas, mas também por razões vagas, por diferentes formas de dissidência como repressão da sociedade civil e repressão de todas as pessoas que saíram à rua a manifestar-se" nos protestos contra o véu islâmico.

No Ocidente, os Estados Unidos "foram o único país na região das Américas a realizar execuções", pelo 14.º ano consecutivo.

No país norte-americano, foram feitas 18 execuções no ano passado - um aumento de 64% em relação a 2021.

"Ainda assim, os números dos Estados Unidos permanecem historicamente baixos e, nos últimos 30 anos, temos visto uma linha decrescente no número de execuções a ocorrerem nos Estados Unidos", realça o diretor de campanhas da Aministia Internacional, em Portugal.

Mas também há boas notícias. Seis países aboliram totalmente ou parcialmente a pena de morte, em 2022.

O Cazaquistão, a Papua Nova Guiné, a Serra Leoa e a República Centro-Africana aboliram a pena de morte para todos os crimes, enquanto a Guiné Equatorial e a Zâmbia aboliram a pena de morte apenas para crimes comuns.

"A Guiné Equatorial merece aqui uma referência especial porque, como sabemos, tinha-se comprometido a abolir a pena de morte para a sua entrada na CPLP, e estivemos a aguardar que isso acontecesse. Na verdade, neste momento aboliram a pena de morte, como disse, apenas para crimes comuns. Apenas morte ainda permanece no Código de Justiça Militar para crimes previstos em leis militares", detalha Paulo Fontes.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+