09 ago, 2023 - 17:22 • Redação
Abençoar bebés, aproximar-se dos mais frágeis e envergar chapéus típicos dos países que visita já é uma imagem de marca do Papa Francisco. Tem habituado as multidões ao sorriso fácil e ao aceno constante. Em Portugal, Francisco mostrou-se particularmente feliz durante a Jornada Mundial da Juventude.
A Renascença destaca dez momentos que marcam os cinco dias do papa em Portugal.
No seu primeiro discurso, depois de aterrar em solo português, o Papa dirigiu-se a altas figuras do Estado e da sociedade. Aos governantes deixou vários avisos e foi pontuando as suas palavras com apartes que soltaram gargalhadas.
Durante o seu discurso, quando se preparava para falar do papel da Europa nos conflitos internacionais, introduziu a sua frase lendo “vecchio continente”. Imediatamente a seguir levantou a cabeça para reformular e, com um sorriso, disse “continente ansião”. O auditório riu com vontade.
O último momento previsto na agenda para o dia da chegada a Lisboa era a celebração das “vésperas” com membros do clero. No Mosteiro dos Jerónimos, o Papa Francisco falou aos padres, religiosos e leigos sobre a necessidade de acolher vítimas de abusos e por de parte o "clericalismo".
Improvisou também sobre aspetos da vida religiosa. “Como rezo eu? Como um papagaio, bla bla bla bla bla?” A pergunta deixou boa disposição na assembleia.
A organização da Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa, não poupou esforços para partilhar traços da cultura portuguesa com o Papa Francisco e com os jovens que acorreram à capital portuguesa.
Dos tapetes de sal colorido, de Viana do Castelo, às flores de Vila do Conde e ao cante alentejano, várias expressões da cultura tradicional portuguesa foram apresentadas ao Papa e aos jovens católicos de todo o mundo, muitos deles pela primeira vez em Portugal. Com Carminho, Cuca Roseta e Mariza emocionadas em palco, o fado marcou quase sempre os eventos públicos da Jornada.
Na cerimónia de acolhimento, Mariza subiu ao palco e, com o tema “Foi Deus”, arrancou sentidos aplausos nos jovens. Do Papa, um gesto especial. Ao aplauso e ao sorriso, Francisco juntou um inequívoco “like”, com o polegar, em reação à sua atuação.
O segundo dia do Papa em Portugal foi dedicado exclusivamente aos jovens. Francisco encontrou-se com estudantes da Scholas Ocurrentes, em Cascais, onde o escutavam, não só jovens católicos, mas muçulmanos e cristãos evangélicos. Os jovens, de várias nacionalidades e estratos sociais, pintaram um mural com três quilómetros para a receção ao líder da igreja católica.
Ao deparar-se com a obra, pintada por cerca de três mil jovens, o papa revelou que, em conversa com o presidente da Scholas Ocurrentes, e seu amigo pessoal, comentavam que esta era “uma Capela Sistina pintada por vocês”. Os jovens devolveram o elogio com sorrisos e um aplauso.
Ainda no encontro da Scholas Ocurrentes, alguns jovens tiveram a oportunidade de formular questões ao Papa. A todos, respondeu individualmente.
Um jovem brasileiro e cristão evangélico, questionou Francisco sobre o impacto das crises e dos problemas na existência do ser humano. Começou por devolver-lhe uma pergunta: “Gostas de beber água?”. Depois, continuou: “mas se te dou água destilada vais dizer que é um asco. Uma vida sem crises é como água destilada. Não tem sabor a nada”.
O Papa incentivou ainda o jovem brasileiro. “Segue em frente, nem que seja para comer uma feijoada.”
O encontro com os jovens da Scholas Ocurrentes foi preenchido de boa disposição. Na saudação final, depois da bênção, o Papa Francisco pediu aos jovens que rezassem por ele.
Atencioso com os que professam outras religiões, Francisco acrescentou: “Quem não puder ou não sentir, mande boa onda!”, arrancando, novamente, gargalhadas da plateia.
A cerimónia de acolhimento foi a primeira iniciativa pública do Papa desde que aterrou em Portugal. A organização calculou cerca de 500 mil jovens, segundo o Vaticano, que se estenderam além do Parque Eduardo VII.
Quando se dirigiu aos jovens, deixou-lhes vários conselhos, não só sobre a forma como se relacionam com Deus, mas também como devem transportar os valores da Igreja para a sua vida.
Pelo caminho, um recado repetido várias vezes: “A igreja é de todos, todos, todos!”.
Ao terceiro dia, Francisco foi às periferias. No Centro Paroquial de Serafina, encontroucom uma criança com diversidade funcional que, não podendo caminhar, se movia com o auxílio de uma cadeira de rodas, como o Papa.
Após uma breve troca de palavras, não se ficou pela habitual bênção e despediu-se do menino com um “high five”.
Ainda no encontro do Centro Paroquial de Serafina, o Papa improvisou a partir do discursos previamente preparado. “Havia muito mais coisas que gostava de dizer-vos, mas os meus refletores não funcionam”.
No último momento público antes de deixar Portugal rumo ao Vaticano, Francisco encontrou-se com os voluntários que apoiaram os grupos de peregrinos presentes na Jornada em Lisboa.
Agradecendo-lhes pelo trabalho, Francisco comparou-o ao dos surfistas que enfrentam as ondas do mar da Nazaré. O Papa aproveitou a comparação para lhes pedir que “sejam surfistas do amor”.