Francisco Sarsfield Cabral

O risco do accionista

05 ago, 2014

Quem acusa Carlos Costa de se ter atrasado em livrar o BES dos que o estavam a sugar, em benefício de empresas do grupo Espírito Santo, esquece que estas empresas operavam num secreto esquema fraudulento.

Teria sido possível o Banco de Portugal, logo em meados de Junho, substituir toda a administração do BES por uma nova equipa presidida por Vítor Bento? Ou ter impedido o aumento de capital que autorizou a 27 de Maio?

Não sei, mas quem acusa Carlos Costa de se ter atrasado em livrar o BES dos que o estavam a sugar, em benefício de empresas do grupo Espírito Santo, esquece que estas empresas operavam num secreto esquema fraudulento.

Esses esquemas geralmente apenas se descobrem quando rebentam, como lembrou o governador do Banco de Portugal. É fácil ser “treinador de bancada”, sobretudo no fim do jogo. E é compreensível que se lamente a sorte dos pequenos accionistas, que foram levados ao engano. Mas investir em acções é sempre um risco. Seria mais injusto pôr os contribuintes a pagar os prejuízos do BES.

Não me lembro, aliás, de muitas críticas ao BCP quando este, no princípio do século, vendeu nos seus balcões acções próprias, oferecendo crédito para tal.

Passados anos as acções tinham-se desvalorizado brutalmente, mas nem por isso deixou o BCP de exigir o pagamento dos empréstimos.