Francisco Sarsfield Cabral

Sensibilidade social

06 mar, 2013 • Francisco Sarsfield Cabral

O exemplo vem da Suíça. Pelo contrário, no resto do mundo as diferenças de salários atingem níveis pornográficos e crescentes.

Há um ano, os suíços recusaram em referendo ter mais duas semanas de férias, como propunham os sindicatos e partidos de esquerda. Este mês, esses mesmos suíços responsáveis aprovaram directivas para conter a subida dos vencimentos dos gestores.

A iniciativa deste último referendo partiu de um chefe de empresa. Alegam os críticos desta decisão que assim se impede o reconhecimento do mérito; e que tal atitude resulta da inveja, do ressentimento – uma manifestação de populismo, em suma.

Permito-me discordar. É tudo uma questão de grau. Desde há duas décadas assistimos no mundo (incluindo em Portugal) a uma tendência para a subida estratosférica dos vencimentos dos gestores de grandes empresas, enquanto pouco crescem ou estagnam os salários dos trabalhadores.

Hoje, um gestor desses pode ganhar, nos Estados Unidos, 400 vezes mais do que o salário médio da sua empresa. Quando as diferenças de rendimento atingem tais níveis pornográficos e crescentes, importa ter um pouco mais de sensibilidade social. Como tiveram aqueles milionários americanos que pediram para pagar mais impostos.