13 mar, 2024 - 06:30 • Diogo Camilo
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A noite eleitoral foi mais imprevisível do que se esperava, mas se tivéssemos olhado para uma pequena freguesia da Figueira da Foz, já podíamos adivinhar o resultado. Em Tavarede, a percentagem de votos apenas se desviou dos resultados nacionais em 0,5%.
Na freguesia em que votaram mais de 6,1 mil pessoas (0,1% do total de eleitores), o PS venceu por apenas cinco votos (28,22% e 28,14% para a AD) e ficou separado da coligação de PSD, CDS e PPM por 0,08%, com a diferença para o resultado real a ser de poucas décimas.
Nas contas finais, Tavarede não falhou o resultado de nenhum partido por mais de dois pontos percentuais, ao contrário de algumas projeções divulgadas no dia das eleições.
Outras freguesias, como a União das Freguesias de São João Baptista e Santa Maria dos Olivais, em Tomar, e Árvore, em Vila do Conde, também não estiveram muito longe.
A nível de concelhos, os resultados que mais se assemelham com o que aconteceu a nível nacional foram os de Viana do Castelo, Santarém e Bombarral.
Um pouco mais a norte, no concelho de Sernancelhe, distrito de Viseu, está a freguesia com maior mobilização. Se há dois anos, a maior percentagem de afluência não tinha chegado aos 80%, em Lamosa mais de 90% dos inscritos foram votar desta vez.
Em 151 pessoas, 138 votaram e 94 delas na AD, uma retumbante vitória com 68% dos votos, no concelho que registou também a maior vitória da coligação da direita no país, com 60,1%.
Ainda assim, à semelhança do que aconteceu no distrito, o ADN - uma das surpresas das legislativas de 10 de março - é o 4.º partido mais votado, com quatro votos e 2,9%.
A nível de concelhos, o Sardoal foi o concelho com menor abstenção, abaixo dos 25%.
Depois da famosa série de televisão, a freguesia açoriana de Rabo de Peixe volta a estar nas notícias e é, mais uma vez, a que regista maior abstenção: menos de duas mil pessoas foram votar, cerca de 25% dos inscritos.
Ainda assim, o registo é uma grande melhoria em relação há dois anos, em que a abstenção foi superior a 83%, e reflete-se também no concelho da Ribeira Grande que, apesar de continuar a ser o que tem maior abstenção em Portugal, cai dos 74% para os 61,5%.
No continente, a maior abstenção voltou a acontecer em Melgaço: há dois anos, o concelho de Viana do Castelo tinha 63,2% de abstenção, que caiu para os 59,4%.
Na pequeníssima freguesia de Mosteiro, na Ilha das Flores, o fenómeno do Chega ainda não assentou os pés. O território foi o único do país onde o partido de André Ventura não teve qualquer voto e, por isso, a população usou outra forma de voto de protesto.
Com dois votos dos 11 votos, 18,2% do total, os boletins nulos seriam a segunda maior força política na freguesia onde o PS saiu vencedor, com quatro preciosos votos, face a dois da AD e dois da Iniciativa Liberal. O Bloco de Esquerda, com um voto, desempata a freguesia para a esquerda.
Também nas Flores, mais ao lado na Fajãzinha, está a freguesia com maior percentagem de votos em branco: 8,3%, ou seja, 4 dos 48 votos registados.
Como já tinha acontecido há dois anos, o Livre voltou a ter os melhores resultados no coração de Lisboa, concelho onde conquistou 7,7%. O partido teve 11,8% dos votos em Arroios, 10,6% na freguesia onde vive Rui Tavares, São Vicente, e 9,8% na Penha de França.
As duas últimas foram também as freguesias onde o Bloco de Esquerda registou o melhor resultado, com 9,7% em São Vicente e 9,2% na Penha de França. O melhor concelho para o partido de Mariana Mortágua foi, no entanto, Sines, com 7,9%.
A Iniciativa Liberal também teve os seus melhores resultados em Lisboa, mas em diferentes freguesias: Parque das Nações e Avenidas Novas, ambas com 9,8%. No entanto, a melhor votação aconteceu em Gualtar, no concelho de Braga, com 9,9%. A cidade de Rui Rocha foi também onde os liberais conseguiram o melhor resultado, com 8,5%.
No PAN, o melhor resultado foi registado no concelho de Macedo de Cavaleiros, em Bragança. Na freguesia de Cortiços, o partido conseguiu 4,5%, ou seja, sete votos.
A CDU voltou a ter os seus melhores resultados no Alentejo: em Avis, onde a coligação teve 26,8%, mas perdeu o concelho para o PS como há dois anos, a união das freguesias de Alcórrego e Maranhão deu 41,5% aos comunistas.
Entre os partidos que não conseguiram eleger, o RIR voltou a ter o melhor resultado na freguesia de Vitorino Silva, conhecido como Tino de Rans, em Penafiel. Em Rans, 13,2% votaram no partido, menos do que há dois anos e abaixo das votações do Chega, PS e AD. Ao contrário, em Penafiel, o RIR subiu ligeiramente e conseguiu 3,6%.
O ADN, a grande surpresa destas eleições ao conseguir mais de 100 mil votos, teve o seu melhor resultado no Rabaçal (11,6%), parte de freguesia do concelho de Penela, em Coimbra, seguido de Pinela, em Bragança (9,4%), Coriscada, em Mêda (9,1%), a freguesia de Ruvina, Ruivós e Vale das Éguas (8,4%), no Sabugal, e Serapicos, também em Bragança, onde teve 8,2%.
O melhor concelho do partido, que conseguiu subvenção estatal graças ao resultado histórico, foi em Vila Nova de Paiva, onde teve 4,62%.
O partido liderado por André Ventura, que foi o mais votado no distrito de Faro, teve os seus dois melhores resultados em freguesias de um dos nove concelhos que venceu, em Elvas.
São Vicente e Ventosa respondeu à chamada e deu 49% ao Chega, mais de 30% ao PS e apenas 10% à AD, enquanto em Caia, São Pedro e Alcálçova, o Chega teve 40,9%.
A AD teve o seu melhor resultado em Boalhosa, um bastião do CDS na fronteira entre Ponte de Lima e Vila Verde. Há dois anos, o CDS venceu aqui com 43% dos votos, enquanto o PSD teve quase 28% e o PS 22%
Desta vez, quem votou nos socialistas foi convencido e 83% da população votou AD, enquanto o Chega teve apenas seis votos e o PS o seu pior resultado a nível nacional com dois votos, tantos como o ADN.
O melhor resultado do PS aconteceu em Negrões, no concelho de Montalegre, onde o PS conseguiu 62% dos votos, seguindo-se Belver, em Gavião, o concelho onde os socialistas tiveram o melhor resultado a nível nacional (47,4%).